Embora a base governista possa articular para evitar novas derrotas em torno da Reforma Trabalhista, que tramita no Senado, o cochilo desta semana, que permitiu à minoritária oposição impor uma derrota ao Planalto, a impressão que o distinto público tem é a de que Michel Temer encolhe a cada dia. Se é que isso ainda é possível.
Não por acaso, o Ibovespa caiu 2% na terça-feira e o dólar voltou a subir acima de R$ 3,30. Naquele dia, por 10 a 9, o relatório da reforma foi rejeitado na Comissão de Assuntos Sociais da Câmara Alta. O mercado é o termômetro mais sensível dos sinais emitidos pelo que sobrou da política neste país.
Os números citados são um claro indicativo de que os investidores passaram a desconfiar da capacidade deste governo aprovar as reformas estruturantes: trabalhista e previdenciária.
Para o andar de cima, sem as mudanças nestas áreas sensíveis, não haverá recuperação econômica, retomada do crescimento e geração de novos empregos. O pessimismo começa a tomar conta novamente do ambiente econômico. Nesta toada, luz no fim do túnel só mesmo a partir de 2019.
Cerco
Não bastasse o sinal de tibieza política, Temer é alvo de inquérito pesadíssimo na Polícia Federal e vê vazarem as primeiras informações da delação do doleiro Lúcio Funaro. Ele revelou que captou R$ 100 milhões para o PMDB. Pelo menos R$ 20 milhões teriam a intermediação direta do presidente, sendo que R$ 500 mil teriam passado por sua conta pessoal. É devastador. Se Eduardo Cunha realmente fechar delação, a casa cai para Michel Temer. Não haverá escapatória.
Impositivo
Claro que os prefeitos querem e parte da sociedade também. Tornar impositivo o que se define nas reuniões do Orçamento Regionalizado é proposta com fartas justificativas. Mas esbarra em uma questão quase prosaica: de onde tirar os R$ 600 milhões anuais que seriam distribuídos conforme as 36 reuniões promovidas pela Alesc?
Emplacada
Qualquer que seja o desfecho desta proposta de tornar impositivo o Orçamento Regionalizado, seu autor, deputado Marcos Vieira, deu uma bela emplacada.
Indignação
Difícil, pra não dizer impossível, engolir a morte da menina de um ano em Mafra por falta de combustível em ambulância. Chegamos a um ponto em que a burocracia está acima, inclusive, da vida. O mais impressionante é que não apareceu uma autoridade ou cidadão com personalidade para chamar a responsabilidade para si, abastecer o veículo e promover o transporte da vítima em tempo hábil até Joinville. O Brasil precisa se reinventar enquanto sociedade. Pelo caminho que enveredamos, o futuro é sombrio.
Taxa nocividade
Ainda de acordo com a Pesquisa do Instituto Paraná feita com eleitores do Distrito Federal, espantosos 87,1% dos ouvidos afirmam que não votarão em quem “tem o nome envolvidos em denúncias da operação (Lava Jato)”. Os pesquisadores também perguntaram quem é hoje o político mais nocivo para o Brasil. Deu Lula da Silva disparado na frente, com 37%. Depois vem Aécio Neves: 14,5%.