O fato político dessa semana foi a soltura do prefeito Clésio Salvaro, de Criciúma. Liberdade que veio através de um despacho da desembargadora Cinthia Bittencourt Schaefer. Sem dúvida nenhuma, algo que vai sacudir com a eleição mais acirrada e de resultado mais imprevisível em Santa Catarina e que se desenrola na Capital do Sul do estado.
Está em curso uma queda-de-braço entre duas grandes lideranças. Salvaro, pedindo por seu candidato, que foi colaborador no colegiado do prefeito, e Jair Bolsonaro, que esteve em Criciúma fazendo campanha por Ricardo Guidi, deputado federal, que merece, também, o respaldo do governador. Foi Jorginho Mello que patrocinou a sua filiação às fileiras liberais. Guidi era do PSD e foi atropelado na sua candidatura natural à prefeitura. Além de deputado federal, ele era presidente municipal do PSD.
Hoje existe uma situação única, sui generis, em Criciúma. O prefeito afastado retorna à cidade, mas não o reassumirá ao cargo. Continuará a prefeitura sob o comando do vice, Ricardo Fabris, do MDB.
O emedebista, aliás, está muito mais próximo de Jorginho Mello do que propriamente do candidato do seu próprio partido.
Figuração
Pra quem não sabe, o MDB tem candidato no Sul, na figura de Paulo Ferrarezi. Inclusive, Ricardo Fabris trabalhou no sentido de que ele pudesse abrir mão da candidatura para fechar com o Ricardo Guidi.
Caminhos
Isso evidenciou que Ricardo Fabris, prefeito em exercício, e Clésio Salvaro, em liberdade, mas ainda afastado das funções, caminham em direções opostas.
Restrições
Agora é observar, pois as expectativas giram em torno dos desdobramentos da libertação de Salvaro. Ele tem medidas cautelares a obedecer. Além de não assumir a prefeitura, em tese não poderá fazer campanha. Mas na quinta à noite já foi recebido por Vaguinho e apoiadores em praça pública, num ato puramente eleitoral. Incertezas Considerando as medidas cautelares estabelecidas, como tornozeleira eletrônica e proibição de se aproximar da sede da prefeitura, a questão que fica no ar é a seguinte: se Salvaro não pode se aproximar dos demais investigados desta Operação, como poderá participar da campanha se um desses eventualmente lá estiver presente?
Incógnita
A grande questão é saber se o simples fato de o prefeito ter sido liberado vai reforçar o leve favoritismo que já detém o candidato Vaguinho? Ou pode beneficiar Ricardo Guidi?
Impacto
São dúvidas inevitáveis. Há três semanas, quando Clésio Salvaro foi preso, no mesmo momento, as curvas de tendência de votos nas pesquisas se cruzaram. Guidi despencou. Vaguinho disparou.
Reação
Ou seja, a prisão provocou um efeito favorável ao PSD e seu candidato. Uma parcela considerável do criciumense, do eleitorado, entendeu que estava sendo praticada uma injustiça na direção do prefeito afastado.
Versões
Agora, retornando, ele deixa de ser injustiçado, deixa de ser vítima? Ou ainda vai reforçar mais a posição de Vaguinho uma vez livre?
Caixa de ferramentas
Diante disso, a campanha de Guidi vai mostrar todas as situações que vulnerabilizam Salvaro e que motivaram a sua prisão, determinada com base em seu suposto envolvimento nas licitações fraudulentas do setor funerário.
Últimos lances
Haveria munição suficiente contra o prefeito para fazer com que Guidi retome a liderança nesta reta final de campanha? E os efeitos da passagem de Bolsonaro? Enfim, a situação é absolutamente imprevisível em Criciúma. Até porque nenhuma pesquisa parece ter captado, de fato, o que se passa na cabeça da esmagadora maioria dos criciumenses.