Santa Catarina é um Estado diferenciado. Mesmo com apenas 1,1% do território nacional e 3,3% da população brasileira é o sétimo estado em arrecadação e o sexto em produção de alimentos. Nossa geografia, em poucos quilômetros, contempla o Litoral com praias paradisíacas; a Serra com a neve, o Planalto com o turismo rural, o Sul, Meio-Oeste e o Oeste com estâncias hidrominerais. Ainda temos o turismo de aventura, o religioso, o de compras, o cultural, o de negócios, o gastronômico, em especial o de vinhos de qualidade. Esta variedade, em um território tão pequeno, já nos contemplou por sete anos consecutivos (2007 – 2013) com o título de Melhor Destino Turístico do Brasil. Perdemos em 2014 para o Rio de Janeiro, mas voltamos a recebê-lo em 2015.
Mas sejamos sinceros, recebemos estes títulos somente ancorados pelo que a natureza proporciona, pois pelos serviços prestados, deixamos muito a desejar.
Somente da vizinha Argentina, recebemos, a cada temporada, cerca de 200 mil turistas que entram, de carro e ônibus, pela nossa fronteira em Dionísio Cerqueira, mas, por incompetência governamental, ainda não inauguramos o Centro de Atendimento ao Turista.
Para facilitar a viagem, o governo Argentino pavimentou a rodovia até a cidade de San Pedro, Estado de Missiones, fronteira com Paraíso, outra entrada Catarinense, mas outra vez, o Governo Catarinense não fez sua parte deixando de construir a ponte internacional sobre o rio Peperi-Guaçu.
Os 684 quilômetros da BR-282, a verdadeira rodovia de integração catarinense, estão esburacados, com sinalização precária, e também não contam com nenhum ponto de auxílio aos que para cá trazem a família para o lazer.
A Serra do Rio do Rio do Rastro, no Sul do Estado, e a Serra do Corvo Branco, em Urubici, duas das mais belas estradas do Brasil, têm iluminação deficiente, sem contar que a do Corvo Branco está interditada há dois meses para o tráfego, por causa de barreiras na pista.
Por via aérea, os problemas não são tão diferentes, o aeroporto Serafim Enoss Bertaso, em Chapecó, mesmo recebendo 446 mil passageiros/ano e o Internacional Hercílio Luz, com seus 3,6 milhões/ano, não passam de verdadeiros depósitos temporários, sem contar com as precárias instalações em Xanxerê, Joaçaba, Lages, Forquilhinha, Navegantes, Jaguaruna e Joinville.
Pelo Mar, mesmo com mais de 500 quilômetros de Costa, a estrutura é irrisória para receber transatlânticos, gigantes com capacidade para transportar até 4 mil turistas em uma única viagem.
Nossas tradicionais festas e as típicas cidades como Treze Tílias, Piratuba, Pomerode, Nova Trento não estão sendo divulgados fora do Estado em nenhum material promocional da Santur, órgão oficial do turismo catarinense.
A balneabilidade do Litoral conta com quase metade dos pontos monitorados impróprios para os banhos e, mesmo assim, nossas praias continuam lotadas de perseverantes turistas.
Estes problemas não apareceram nesta temporada, mas a cada ano são realizados encontros que ficam apenas para registros oficiais, com praticidade quase nula.
O certo é que somente as belezas naturais de nosso Estado não são mais suficientes para garantir nosso diferencial, atraindo a atenção de turistas e gerando emprego e renda para os Catarinenses.
Se o turismo no Estado não for tratado com a responsabilidade que merece, os títulos de Melhor Destino Turístico do Brasil ficarão apenas na memória, como estão apenas na memória o tempo em que era possível banhar-se nos balneários de Coqueiros e do Estreito, para citar apenas dois dos mais conhecidos de Florianópolis.
Marcos Vieira, deputado estadual.