No momento em que o país está sendo passado a limpo, completamente contaminado em seus vários escalões de poder, aonde a corrupção está sendo praticada por políticos, Santa Catarina perde um estadista. Antônio Carlos Konder Reis – falecido na manhã desta terça, 12 – é de uma safra de políticos diferenciados. Homem preparado e intelectualizado, foi extremamente correto ao longo sua longeva vida pública. Dignificou a polícia estadual.
Se o ex-governador não foi o político mais honrado da história de SC, está entre os que disputam essa condição. Ele fazia parte das chamadas oligarquias catarinenses. Foi indicado pelos militares e eleito indiretamente pela Alesc ao governo do Estado em 1974. Cumpriu o mandato de 1975 até 1979.
HISTÓRIA
Em 1965, ele perdeu a eleição para Ivo Silveira (foto – apesar de adversários, eram amigos), por uma pequena margem. Konder Reis pela UDN e Silveira pelo PSD. Mais tarde, foi sucedido no governo estadual pelo primo, Jorge Konder Bornhausen. Pensou em ser candidato novamente em 1982, mas JKB apostou em Esperidião Amin, que naquele pleito era uma aposta de renovação contra a força eleitoral de Jaison Barreto, do PMDB. Deu certo. Amin ganhou o governo e Bornhausen elegeu-se senador. Mais tarde, em 1994, o próprio Konder Reis, já no governo depois da renúncia de Vilson Kleinübing para disputar o Senado, poderia ter sido candidato à reeleição.
Não foi porque houve aquela manobra de Esperidião Amin, que era candidato a governador, com Raimundo Colombo de vice, e Kleinübing ao Senado. E Konder Reis ia pilotar todo o processo. Não deu porque na undécima hora, com o governador já inelegível, Amin decidiu candidatar-se a presidente, lançando a mulher, Angela, ao governo do Estado.
Sentindo-se traído, Konder Reis apoiou Jorge Bornhausen, que foi candidato para dar palanque a Fernando Henrique Cardoso em Santa Catarina. E Paulo Afonso Vieira (MDB) venceu Angela no segundo turno daquele embate.