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SC perde R$ 14,8 bi por ano ao não universalizar o tratamento de esgoto

Segundo projeção do Instituto Trata Brasil, Santa Catarina deixa de ganhar R$ 14,8 bi anuais ao não universalizar o tratamento de esgoto. O dado foi divulgado durante o Fórum Brasil ODS 2023, que prossegue nesta sexta-feira (27), na Assembleia Legislativa.

“Santa Catarina teria ganho líquido de R$ 14,8 bi com a universalização do acesso ao saneamento. Descontado todo o investimento, teria redução de custo com saúde, melhoria de ganho com o turismo, com a educação e com a produtividade”, afirmou Luana Pretto, presidente do Instituto Trata Brasil.

De acordo com a especialista, Santa Catarina despeja por dia 300 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento nos rios e no mar.

“Daí temos problemas com turismo, o Pronto Atendimento (PA) lota na época de verão com viroses, mas na verdade é água contaminada. Não é normal ficar doente no verão com diarreia, dengue, esquistossomose, leptospirose”, enumerou Luana, acrescentando que em 2021 o estado registrou 2.769 internações por falta de saneamento básico.

Doenças ginecológicas também estão associadas à falta de higiene derivada da falta de coleta e tratamento de esgoto.

“Com a universalização do tratamento de esgoto será possível reduzir em 63% as doenças ginecológicas. As mulheres são duplamente prejudicadas pela falta de saneamento, porque também precisam cuidar dos filhos ou do marido quando ficam doentes, comprometendo a renda por conta do saneamento básico”, apontou Luana.

Para o Instituto Trata Brasil, a cada um real investido em saneamento básico, no longo prazo traria um retorno de R$ 5,70.

“É algo excepcional do ponto de vista social, a gente não está só trazendo um benefício, está trazendo a base para o desenvolvimento econômico e social. É a base da mudança de vida, de sair do círculo vicioso da lombriga, da ferida na perna, que parece normal, mas não é”.

Futuro problemático
De acordo com a representante do Instituto Trata Brasil, o aumento da temperatura da terra afetará todo o ciclo da água, resultando em excesso ou em falta de água.

“Nosso planejamento futuro tem que ser com base no tempo de recorrência dos eventos climáticos que estamos vivendo. O Produto Interno Bruto (PIB) só crescerá se tiver água, e só teremos água se cuidarmos desse bem precioso. Em 2040 será preciso captar mais água dos rios por causa do aumento da população e da produção irrigada”, observou Luana, que ponderou a possibilidade de escolha: irrigação ou consumo humano?

Um caso concreto
A diretora-presidente das Unidades de Saneamento de Santa Catarina (Aegea), Reginalva Mureb, relatou o caso de Camboriú, cujo saneamento básico é de responsabilidade do município, mas que será entregue para Aegea, que já atua como concessionária do fornecimento de água.

“Em Camboriú há a possibilidade de a Aegea receber o esgotamento sanitário, que hoje é de responsabilidade do município. Estamos na expectativa de receber, evitando assim o lançamento in natura do esgoto de mais de 100 mil pessoas no rio Camboriú (que deságua no mar na ponta Sul de Balneário Camboriú)”, descreveu Reginalva, explicando assim alguns dos motivos da não balneabilidade de parte da praia do mais famoso balneário do estado.

A posição de SC
Em Santa Catarina, conforme dados de 2021, 98,4% da população têm acesso à água, enquanto apenas 32% tem acesso à coleta e tratamento de esgoto.

“Tem uma meta no marco legal que coloca como objetivo que todas as cidades precisam chegar a 90% de coleta de esgoto até 2026. O estado de São Paulo investe mais de R$ 200 por habitante em coleta e tratamento. Santa Catarina também deveria investir R$ 200 em média por habitante”, sugeriu a presidente do Instituto Trata Brasil.

foto>Giovanni Kalabaide, Ag. Alesc, divulgação

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