Moisés da Silva tirou um tempo esta semana para uma agenda em Brasília. Além das reivindicações e pleitos administrativos, sua passagem pelo centro do poder ficou marcada, novamente, por não ter cumprido qualquer agenda no Palácio do Planalto.
Até onde alcança a memória deste escriba não há registro de uma única visita do governador catarinense ao presidente da República.
Jair Bolsonaro, a seu turno, jamais esteve na Casa d’Agronômica ou no Centro Administrativo nas várias vezes em que visitou o Estado.
Nenhuma agenda direcionada ao govenador. Recordemos que o atual chefe do Executivo Barriga-Verde elegeu-se em 2018 exclusivamente na onda do 17 de Jair Bolsonaro, saindo diretamente do seu universo particular para o cargo mais importante de Santa Catarina.
Logo depois de assumir, no entanto, Moisés deu declarações à mídia nacional deixando muito claro que não iria atuar em sintonia com o presidente. Algumas frases foram até rudes considerando-se o contexto daquele início de governos e de ruptura com as décadas de esquerda no poder em Brasília.
Dinamitando
Bolsonaro cravou então que não haveria mais pontes com o catarinense. Moisés da Silva tentou, sobretudo no ano passado, restabelecer o contato com o presidente da República.
Acionou até ministros. Mas não teve jeito. Jair Bolsonaro não toma conhecimento do governador catarinense!
Dois palanques
Quase quatro anos se passaram. Às portas da nova eleição, como age o inquilino do Planalto em relação ao quadro sucessório? Ele faz de tudo para ter pelo menos dois palanques no Estado. Um será o do senador Jorginho Mello.
Sem ID
Gean Loureiro já está com o bloco na rua. Não criou, não tem e não terá identidade com Jair Bolsonaro. E até agora não se posicionou em relação à disputa nacional. Por conveniência eleitoral, pode até dar alguma declaração de apoio ao presidente lá adiante, a exemplo do que fez o agora neocanhoto Gelson Merisio em 2018.
Castelo de areia
Em março deste ano, com a bênção presidencial, João Rodrigues (PSD) tentou construir uma aliança encabeçada por ele, tendo Clésio Salvaro (PSDB) de vice e o empresário Luciano Hang ao Senado. A ideia não vingou. Não passou de uma nuvem bem passageira, ruindo em seguida.
Sintonia
Agora Bolsonaro tenta convencer Esperidião Amin, que é amigo e defende pautas de direita com coerência, a entrar no páreo apostando que dois candidatos vinculados a ele, Bolsonaro, poderiam disputar o segundo turno. Seria uma forma de dar um chega pra lá em Moisés. O que não será, convenhamos, uma tarefa fácil.
Timing
A coluna tem dúvidas se o senador do PP irá realmente contar os votos de que ainda dispõe. Aos 75 anos! Sem falar que sua candidatura, sem uma grande aliança, deixaria vulneráveis a mulher (federal) e o filho (estadual), que não fizeram boas votações nas últimas eleições.
Angela na majoritária
O cenário mais palatável seria o PP indicar o vice de Jorginho Mello, com a própria Angela Amin. Ah, mas a suplente do senador do PL é do MDB. Quatro anos se passaram, cara-pálida! A política, como a vida, é dinâmica e segue o baile.
Dupla MM
Voltemos, contudo, à ida de Moisés da Silva à Capital Federal. Ele avistou-se com seu correligionário de Republicanos, o vice-presidente Hamilton Mourão, candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul.
Correligionários e vizinhos
Sem acesso a Bolsonaro, o governador catarinense busca maior aproximação com o gaúcho Mourão. Que tipo de dividendo eleitoral este movimento poderia trazer a Moisés é algo quase imperceptível. De qualquer forma, é uma tentativa de o governador mostrar que tem suas pontes em Brasília. Muito embora o vice-presidente também não conte com a confiança de Bolsonaro!