Se Lula da Silva, Dilma Rousseff e o alto comissariado petista ainda alimentavam esperanças de salvar a ex-presidente da degola final no Senado, as últimas revelações ilustram que esta possibilidade voltou a ficar bem anêmica.
Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás, e um dos pivôs do petrolão, responsável por abastecer com propina os dutos de legendas como PT, PMDB e PP, declarou, em sua delação premiada, que a presidente afastada sabia de todos os detalhes da assombrosa compra de refinaria de Pasadena, nos EUA. O negócio “rendeu” um prejuízo de mais de um R$ 1 bilhão à petrolífera verde e amarela, com detalhes mais do que escandalosos.
O ex-diretor, com cara de personagem de filme da Disney, também sugeriu que a petista deveria saber de todo o esquema de abastecimento dos propinodutos que abasteciam os petrogatunos.
Os movimentos anti-PT já estão se organizando para novamente fazer o asfalto roncar. Paralelamente, aumenta a pressão para que sejam pedidas as prisões de Lula, Dilma e cia.
Freio de arrumação
Os petistas andam se assanhando novamente ante as derrapadas do governo interino e o avanço da Lava Jato sobre o PMDB. A possível substituição de Renan Calheiros por Jorge Viana no comando do Senado também alegrou a militância. Mas as novas revelações sobre a participação de Dilma, que teria recebido, via caixa dois, mais de R$ 15 milhões, recursos saídos dos propinodutos, travam a reação petista.
Recepcionista
Logo na chegada no prédio do Ministério da Fazenda, em Brasília, os secretários de Fazenda de Santa Catarina, Antonio Gavazzoni; do Ceará, Mauro Benevides; e de São Paulo, Renato Vilella, foram coincidentemente recepcionados pelo ministro Henrique Meirelles. “Aqui estão os estados que lideram o equilíbrio fiscal”, disse, sorridente. Gavazzoni não perdeu a chance e emendou: “para isso precisamos muito da sua ajuda, ministro!”. Foi o tempo de o elevador se abrir para o 5° andar. Os secretários continuaram subindo para mais uma reunião sobre a dívida com a União.
Estados descontentes
Falando em nome dos secretários de Fazenda que lutam para diminuir as dívidas que os Estados mantêm com a União, Antônio Gavazzoni fez um resumo do descontentamento dos colegas após a manifestação do número dois da Fazenda Federal, Eduardo Gardia, nesta quinta.
Segundo o catarinense, a reunião “teve certa utilidade”, porque o governo se posicionou claramente sobre o pleito dos Estados. Mas os secretários torceram o nariz para a proposta. O acordo apresentado pelo Ministério da Fazenda prevê carência de 18 meses, começando com 100% de desconto no primeiro mês. O decréscimo linear é de 5,5% ao mês chegando à zero no 18°.
Ponto de partida
A medida seria retroativa à vigência da liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal, que vem garantindo a 14 entes da federação o não pagamento das parcelas. A reunião foi conduzida por Gardia, e pela secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi.
Moratória
A necessidade de moratória é o ponto que justamente motivou a ação de Santa Catarina no Supremo Tribunal Federal e que abriu caminho para as outras unidades federadas. “A receita para não quebrar (os estados) é o prazo de carência de 24 meses”, assinalou Gavazzoni, salientando que ele e seus colegas, em nome também dos governadores, querem pedir prazo de mais 60 dias no STF, antes que a corte se manifeste sobre o assunto. O prazo estabelecido originalmente pelo Supremo vence em 27 de junho. Pediram a concordância do Ministério da Fazenda neste ponto. Eduardo Gardia ficou de dar uma posição na semana que vem.