A Assembleia Legislativa realizou sessão especial nesta terça-feira (30) para homenagear os 100 anos do nascimento do ex-presidente João Belchior Marques Goulart, o Jango, deposto por um golpe civil-militar em abril de 1964. A sessão, atendendo a proposição do deputado Rodrigo Minotto (PDT), homenageou a esposa de Jango, Maria Thereza Goulart; a filha, Denize Goulart; o presidente Nacional do PDT, Carlos Lupi; o presidente da Fundação Leonel Brizola e presidente estadual do PDT, Manoel Dias.
Maria Thereza Goulart, que presenteou Manoel Dias e o deputado Rodrigo Minotto com sua biografia “Uma mulher vestida de silêncio”, do jornalista Wagner William, recém-lançado, falou que se sentia feliz pela homenagem a Jango e lembrou que eles tiveram uma forte ligação com Santa Catarina, sendo um dos primeiros moradores de Balneário Camboriú, onde tinham uma residência. “Nas homenagens sinto como se Jango estivesse presente. Estamos muito felizes com essa lembrança.”
A filha Denise agradeceu pela homenagem ao seu pai, a quem considera o presidente mais injustiçado da história do Brasil. “Foi derrubado por um golpe. Se ele tivesse concluído seu mandato, teria feito as reformas de base, sempre defendendo do lado dos trabalhadores. Foi um estadista, um homem público, sempre democrático, que terá ainda seu lugar merecido na história do Brasil.”
O proponente da homenagem e 2º vice-presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Minotto, recebeu os homenageados na Presidência da Casa antes da sessão, destacando que a data representa um dia feliz para os trabalhistas catarinenses, para homenagear um homem que tem história, que lutou em favor dos trabalhadores, dos mais humildes, mesmo tendo posses. Minotto disse que a data foi escolhida propositalmente por anteceder o Dia do Trabalhador, comemorado nesta quarta-feira (1º).
Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, destacou que Jango foi um presidente que defendeu os trabalhadores, que queria um Estado mais justo e mais fraterno para a população mais carente. “É o único presidente brasileiro que morreu no exílio, que tinha um sonho, uma opção ideológica em favor dos mais pobres, dos trabalhadores”. Lupi exaltou a trajetória política de Jango, especialmente à época em que foi ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, quando vários direitos trabalhistas foram conquistados.
Já Manoel Dias lembrou que conheceu Jango quando iniciou em sua carreira política como vereador, que ele sempre foi um homem que lutou pelos trabalhadores. “Foi um homem democrático, que queria bem o Brasil, com uma aprovação da maioria dos brasileiros. Jango era um modelo de conciliação, que defendia o diálogo e a democracia.” Para Manoel Dias, Jango tem muito a ensinar para os políticos, principalmente por defender o diálogo, de respeito às opiniões e ideias diferentes.
Trajetória
João Goulart nasceu em 1º de março de 1919, em São Borja (RS), e foi o 24° presidente do país. Começou sua carreira política como deputado estadual, em 1947. Em 1950 foi eleito deputado federal, sendo no ano seguinte indicado para o cargo de ministro do Trabalho no governo de Getúlio Vargas (1950-1954). Em 1955 foi eleito vice-presidente do Brasil, concorrendo pelo PTB. Na ocasião, conseguiu mais votos que o presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Naquela época, as votações para presidente e vice eram separadas.
Na eleição seguinte, em 1960, foi novamente eleito vice-presidente, concorrendo pela chapa governista, ao lado do marechal Lott, e em oposição ao candidato Jânio Quadros, da UDN, que venceu a disputa. Jango ficou no cargo por apenas oito meses, quando assumiu o posto de presidente com a renúncia de Jânio, em agosto de 1961. Deposto em abril de 1964, o político gaúcho morreu durante seu exílio na Argentina, em 1976.
Ney Bueno
AGÊNCIA AL