Os principais desafios encontrados pelos empresários são a obtenção da Certidão Negativa de Débito, agilidade na análise do crédito, ampliação do prazo de carência e de pagamento do empréstimo, além de dificuldades para apresentar a garantia real. Assunto foi debatido em reunião com representantes do COFEM, Badesc, os secretários da Fazenda e de Assuntos Internacionais e o deputado Nilso Berlanda.
Em reunião nesta quarta-feira, dia 14, o Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina (COFEM), o presidente do Badesc, Eduardo Corrêa de Machado, o deputado Nilso Berlanda e os secretários da Fazenda, Rogério Macanhão, e de Assuntos Internacionais, Daniella Abreu, debateram medidas para destravar o crédito para as pequenas e médias empresas, afetadas pela pandemia.
Hoje, os principais desafios encontrados pelos empreendedores são a obtenção da Certidão Negativa de Débito (CND), agilidade na análise de crédito, ampliação dos prazos de carência e de pagamento do empréstimo, além de dificuldades para apresentar a garantia real para conseguir o financiamento.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, destacou que é preciso discutir as dores que a sociedade passa em função da pandemia. “O deputado Berlanda comentou sobre as dificuldades do comércio. Nós representamos a indústria, mas, evidentemente, se o comércio não vai bem, as nossas indústrias não têm para quem vender. Então há uma cadeia envolvida. Por isso, é importante essa integração. Estamos aqui para solicitar uma maior oferta de recursos para que o setor privado possa atravessar por esse momento. É fundamental que as empresas, notadamente aquelas com menor condição econômica, possam manter os empregos que geraram. E neste aspecto, os agentes de fomento financeiro são fundamentais para dar apoio. Da mesma forma, o governo tem que dar sua parcela de contribuição, postergando o pagamento de tributos”, sugeriu.
“O pequeno negócio está matando um leão por dia. Uma grande demanda que tem vindo para nós são as dificuldades em conseguir as CNDs. Empresário em dificuldade para honrar a folha de pagamento, muitas vezes, precisa postergar o pagamento de tributos. Outro desafio é que na análise de crédito é exigida para a base de cálculo o faturamento de 2020. Tem setores que não tiveram faturamento em 2020. Então, é inviável”, salientou o diretor-superintendente do Sebrae-SC, Carlos Henrique Ramos Fonseca, lembrando que é preciso ainda ampliar a carência de 12 meses e o prazo para pagamento do empréstimo, que na maioria dos casos é de 48 meses.
O presidente do Badesc disse que no ano passado, 65% dos recursos emprestados pela instituição foram para micro e pequenos empresários. E nos programas de crédito criados por conta da pandemia, com juro subsidiado, o banco operou com recursos de repasse. “Então tenho que seguir as condições do dono do dinheiro e a regra que ele me impõe para emprestar o recurso. Para fazer mais do que fizemos em 2020, sem sombra de dúvida, vamos precisar de apoio e parceria”, disse Machado. Em relação à liberação de crédito aos negativados, ele informou que a entidade analisa caso a caso. “Não consigo massificar a operação. Preciso entender por que o cliente estava negativado. Se ele tinha problema antes da pandemia, eu não consigo apoiar. Se o problema passou a existir durante a pandemia, é possível flexibilizar. A alternativa é constituir fundos que dão garantias para que a perda não seja representativa para o sistema financeiro. Estamos vivendo um momento de risco maior”, disse.
O deputado Nilso Berlanda destacou que está no dia a dia do varejo e do comércio. “A preocupação é muito grande. O Badesc é o banco do estado e a atividade dele é ajudar o catarinense”, afirmou. Ele observou que há diversos empreendedores com dificuldades de pagar contas como aluguel, luz, água e impostos, por exemplo. “Esse empréstimo é para resolver o problema do empresário para que ela possa voltar a trabalhar. Neste momento é preciso olhar para quem está precisando”, declarou.
O presidente da Fecomércio, Bruno Breithaupt, colocou a entidade à disposição do Badesc para auxiliar na análise dos documentos. “O desafio é a operacionalização de pequenos empréstimos. Nos colocamos à disposição com efetivo, com funcionários. Temos que discutir como fazer. Tem que começar logo. Há um grande número de empresas fechadas devido às dificuldades causadas pela pandemia”, ressaltou.
“O diálogo é fundamental. Existe essa unanimidade em relação às dores que os setores estão passando e queremos retomar de uma forma sadia todas as atividades econômicas. Estamos tendo iniciativas em parceria com o Badesc no fomento ao financeiro para os segmentos mais atingidos”, disse o presidente da Facisc, Sérgio Alves. “Endossamos a defesa do crédito, especialmente para o micro e pequeno empresário. Precisamos fazer um grande esforço, especialmente em relação às questões de garantia para o financiamento”, declarou o presidente da FAESC, José Zeferino Pedrozo.
“É importante essa iniciativa conjunta para buscar uma solução. Precisamos encontrar uma forma de amenizar os desafios na concessão de empréstimo ao pequeno empresário”, disse o presidente da FCDL-SC, Ivan Tauffer.
O secretário da Fazenda informou que tomou posse ontem e a participação na reunião desta quarta foi o primeiro compromisso da agenda. “Alguns setores estão sofrendo, principalmente o varejo, que tem empresas com portas fechadas. Isso é reflexo da pandemia. Na medida do possível, temos que trabalhar para proteger segmentos que estão com dificuldades momentâneas. Temos que ser transparentes e achar um caminho. O compromisso é produzir resultados”, afirmou Macanhão.