Maior empregador do estado, o segmento têxtil, de confecções, couro e calçados, gerou mais de 8,2 mil empregos no primeiro semestre em Santa Catarina. Os dados do Caged mostram que o setor teve o segundo melhor desempenho entre os empregos industriais – que inclui a construção civil -, e liderou os empregos na indústria da transformação.
Os números são positivos, mas trazem também um desafio. Isso porque a falta de mão de obra qualificada é um dos grandes gargalos para o crescimento da produção.
Estudo da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) estima que a produção do setor deve crescer 4,9% no segundo semestre, puxada pelo consumo das famílias. Com índices de desemprego caindo, a massa salarial aumentando e juros menores, a renda disponível para o consumo está contribuindo para a recuperação do setor.
Falta de profissionais
A escassez de mão de obra qualificada é um dos principais problemas que o segmento enfrenta, e não é de hoje. E os empregos na confecção são especialmente relevantes porque culturalmente são vagas preenchidas por mulheres. De acordo com dados do Observatório FIESC, das mais de 178 mil pessoas empregadas, cerca de 112 mil são mulheres.
O presidente da Câmara Têxtil, de Confecções, Couro e Calçados da FIESC, Giuliano Donini, explica que as oportunidades no setor são muitas e bem diversas. “A indústria de confecções pode ser uma excelente porta de entrada no mercado de trabalho para jovens. As empresas catarinenses estão entre as mais modernas e inovadoras do país, oferecendo oportunidade de trabalhar em um setor muito dinâmico”, explica.
Qualificação
Numa iniciativa para ampliar a oferta de trabalhadores qualificados, a Câmara da FIESC lançou o programa Jornada das Costureiras, que já formou 132 profissionais em cursos preparatórios para o mercado de trabalho em 10 cidades catarinenses só este ano. Durante os encontros, os alunos aprenderam sobre segurança para a costura, postura na máquina, tipos de máquinas, além de equipamentos e acessórios.
O curso é a consolidação de um projeto piloto iniciado em 2023 e criado em parceria com o SENAI e as indústrias, com o foco na formação prática, em 60 horas de aula. Já foram atendidas cidades como Brusque e Blumenau – tradicionalmente grandes empregadoras no setor -, mas também municípios como Fraiburgo e Caçador, em que a cultura do setor têxtil confeccionista não é tão difundida.
Além das formações de curta duração da Jornada das Costureiras, o SENAI oferece outras 11 capacitações básicas. Voltadas para o setor têxtil, de confecções, couro e calçados, são mais de 94 opções de cursos de aperfeiçoamento profissional nas modalidades presencial e de ensino à distância. Para quem busca uma formação técnica, são seis opções, além de dois cursos de graduação. A entidade também oferece dois cursos de pós-graduação.
“A FIESC e suas entidades reconhecem os polos regionais e contribuem para a formação e qualificação de profissionais e na integração desses polos para que se complementem. A soma de competências individuais levam a um nível de competitividade maior para seus produtos”, afirma Donini. Segundo ele, Santa Catarina se destaca por sua cultura, vocação e organização e tem uma cadeia bem integrada. “Com isso, as demandas do setor conseguem, na sua maioria, ser atendidas com fornecedores dentro do próprio estado”, explica.
foto>divulgação, Marisol