Assim encontra-se o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, depois de ter sido indiciado pela Polícia Federal no inquérito da Operação Chabu, que investiga vazamentos de operações policiais em troca de vantagens pecuniárias e cargos públicos.
O prefeito tem se colocado como vítima e a reafirmado sua inocência, mas consta que recebeu em sua casa, em duas oportunidades, o pivô de toda esta história, o empresário José Augusto Alves. Em outras 12 vezes, Alves foi recebido por Gean no gabinete da prefeitura.
Some-se a essas agendas mais de 100 contatos entre os dois pelo aplicativo Whats App. Alves, segundo a Polícia Federal, era quem recebia as informações vazadas por delegados da própria PF e as distribuía, por assim dizer, a políticos e empresários. Em troca de vantagens, evidentemente.
Dupla serventia
Somente o fato de haver vazamentos antes de operações investigativas constitui-se em fato gravíssimo, pois obstrui os trabalhos. Na outra ponta, o esquema visaria também a blindagem do grupo denunciado pelos federais. Antecipação e blindagem, as duas pontas principais do esquema.
A sala
Uma polêmica neste caso é a suposta sala secreta que teria sido blindada; seria uma espécie de bunker à prova dos sistemas de investigação hoje usados no estado. Até com certo ar de deboche, Gean Loureiro tem repetido que ainda não encontrou a tal sala e vem convidando a população da Capital para que vá à prefeitura procurar o espaço.
Carta na manga
Muita calma aí. A coluna tem informações de que o bunker pode ter sido desativado antes de estourar a Operação Chabu, exatamente por conta do funcionamento do sistema de antecipação de informações sigilosas. A Polícia Federal, de acordo com fontes, estaria de posse deste contraponto também.
Ação e reação
A um colega jornalista, no começo da manhã de ontem, o prefeito de Florianópolis declarou que José Augusto Alves “é um mala”. Os advogados do empresário reagiram quase que imediatamente. O colunista recebeu uma nota de três parágrafos com o contraponto de Alves. O último deles é emblemático. “ Agora, espera-se que o MPF cumpra se papel e determine o arquivamento do inquérito. Em assim não procedendo, José Augusto não irá só se defender, mas provar a verdade dos fatos.”
Dupla interpretação
A nota da defesa de José Augusto Alves gera duas interpretações imediatas. A primeira parte do último parágrafo indica sua inocência. E a segunda é um recado claro. Se ele for jogado aos leões, vai atuar para levar mais gente junto para o olho do furacão.
Cautela
O ano de 2020 se aproxima rapidamente. Evidentemente que a chegada do período eleitoral fará com que a Operação Chabu seja assunto de intensa exploração na campanha.
Questão de tempo
O timing entre o calendário eleitoral e a evolução do processo, que depende tanto do Ministério Públicio Federal como da Justiça Federal, será fundamental para Gean Loureiro. Ele, que faz uma gestão vistosa, pode chegar a agosto do ano que vem apenas indiciado e não denunciado. Também poderá haver o arquivamento da denúncia, o que daria ainda mais musculatura ao atual alcaide florianopolitano. Existe, no entanto, a possibilidade dele virar réu ainda no primeiro semestre, condição que o enfraqueceria sobremaneira do ponto de vista político e eleitoral.