Só um lado
O prefeito afastado de Florianópolis, Gean Loureiro, desde que saiu da sede da Polícia Federal, terça-feira à noite, não parou de dar entrevistas e de também de fazer manifestações via redes sociais. Muito bem. Está no direito e no papel dele de apresentar sua versão dos fatos, até porque a detenção dele, terça de manhã, ganhou repercussão nacional e foi o epicentro midiático da operação policial.
Falta, contudo, a versão da PF. Segundo Gean, não há absolutamente nada errado, “foi a maior injustiça da minha vida,” segundo palavras dele. O fato de ter sido solto no mesmo dia dá mais gás às palavras do prefeito. A sociedade espera uma satisfação da Polícia Federal para saber se as versões são semelhantes.
Além do prefeito, a Operação Chabu investiga dois ex-secretários de estado (Luciano Veloso e Romanna Remor), dois delegados da própria PF, um na ativa e outro aposentado, servidores públicos e empresários por suspeita de diversos crimes.
Via imprensa
Embora não haja posicionamento oficial da Polícia Federal, trechos do inquérito começaram a ser vazados via imprensa.
Segundo essas informações, o suposto empresário José Augusto Alves seria peça central do caso, dentro de um esquema que teria, inclusive, vazado informações da 26 fase da Operação Lava Jato.
Pedido
Também veio a público um pedido de Gean Loureiro para que a ex-secretária de Assistência Social, Romanna Remor, à época os dois estavam filiados ao MDB, mantivesse na estrutura da pasta a esposa de um dos investigados. Romanna também está no rol dos suspeitos. Para este e outros pontos, como a aquisição de de um veículo Ford, de R$ 170 milhões, o prefeito afastado já deu sua versão também.
Abrangência
O suposto esquema teria vazado e antecipado, a autoridades políticas, informações sigilosas de pelo menos outras setes operações da PF no estado, inclusive da Alcatraz, que recentemente sacudiu o cenário político catarinense.
Lacuna
De qualquer forma, o quadro ainda é muito desconexo e o distinto público continua sem saber exatamente do que Gean Loureiro é acusado e o que pesaria contra ele.
Prazo
O desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Leandro Paulsen, deu 72 horas para ouvir Polícia Federal e Ministério Público Federal antes de julgar o pedido da defesa do prefeito Gean Loureiro para revogação do afastamento da Prefeitura por 30 dias. Na tese da defesa do prefeito, não há motivos para manter o afastamento, já que o prefeito teria elucidado os dois fatos determinantes para o pedido da Polícia Federal.
Bunker inexistente
Que a Prefeitura teria uma “sala segura”. A visita dos agentes federais na administração municipal comprovou que nada havia relacionado a uma sala com tecnologia de contrainteligência.
Não atrapalha
Que a permanência de Gean como prefeito poderia de alguma forma atrapalhar as investigações. Sobre esta tese, a defesa do prefeito utiliza a própria manifestação do delegado que liberou-o: “maneira satisfatória e produtiva à investigação, bem como foram finalizadas as diligências iniciais da fase ostensiva da operação”. Ejá considerou que “a soltura do investigado não prejudicará as investigações.”