Socialismo Light
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) esteve em Santa Catarina durante o fim de semana. Marcou presença na campanha de Paulo Eccel (PT) à prefeitura de Brusque. O pleito suplementar está marcado para o dia 3, após a cassação, considerada por muitos como arbitrária, de Ari Vequi e Gilmar Doerner. A companheira de chapa do petista é do PSDB. Surpreendente, não? Tucanos e petistas (Alckmin, durante décadas, foi um dos símbolos do tucanato brasileiro) unidos em uma cidade importante de Santa Catarina. A pergunta que fica é: por que Alckmin, que não tem tantos votos, veio em vez de Lula da Silva para impulsionar a candidatura petista?
Esta situação reforça a narrativa deste país: só tivemos gestões de esquerda no Brasil após a queda de Fernando Collor no apagar das luzes de 1992. É uma realidade incontestável. A volta das eleições diretas para a Presidência ocorreu em 1989 com a vitória do “caçador de marajás”, Fernando Collor. Ele permaneceu pouco menos de dois anos no comando. Quem assumiu em seu lugar foi Itamar Franco, marcando o início da ascensão do PSDB ao poder.
Fernando Henrique Cardoso, ministro da Fazenda de Itamar, concretizou o Plano Real, que o levou à presidência.
Ruim de Urna
FHC jamais seria presidente sem o Real. Ele venceu ambas as eleições (1994 e 1998) no primeiro turno, superando Lula da Silva. Na transição ao fim de seu segundo mandato, escolheu o velho amigo José Serra como candidato.
Cara de Paisagem
O detalhe é que Fernando Henrique não se envolveu profundamente na campanha de Serra, fazendo apenas o básico.
Companheiros de Longa Data
Vale lembrar que Lula já havia sido aliado de FHC em 1978. O petista apoiou FHC, que foi candidato ao Senado por São Paulo em sublegenda. Quem foi eleito pelo MDB, mesmo partido de FHC, foi Franco Montoro. Na eleição seguinte, Montoro tornou-se governador de São Paulo, em 1982.
Vaga
Naquela época, em caso de vacância no Senado, o mais votado na sublegenda assumia. Não havia a figura do suplente de senador. Assim, FHC tornou-se senador de 1982 a 1986, ano em que foi reeleito. Os paulistas também elegeram Mário Covas para o Senado naquele ano, e ele obteve mais votos que o ex-presidente.
Meandros
Como senador, Fernando Henrique Cardoso foi promovido ao ministério de Itamar, primeiro no Ministério das Relações Exteriores e depois assumindo a pasta da Fazenda.
Canhotada
Lula sucedeu FHC. Além de seus dois mandatos, fez de Dilma, considerada por muitos como inepta, sua sucessora. Vale destacar que o ex-presidente pretendia retornar ao poder após o mandato dela.
Não Saio
No entanto, ela foi afastada do cargo. Assim, Michel Temer assumiu por pouco mais de um ano e oito meses. Um nome de centro.
Perpetuação
Portanto, em exatos 30 anos, tivemos apenas cinco anos e oito meses de gestão não esquerdista no Brasil. Claro, considerando aqui os 4 anos de Jair Bolsonaro. Até porque Itamar sempre pertenceu ao MDB progressista.
DNA
Pelo histórico nacional, não é surpresa ver PT e PSDB na mesma chapa. No entanto, é notável que isso ocorra em Santa Catarina, onde os dois partidos nunca tiveram relação próxima. É apenas mais um sinal dos tempos, do vale-tudo político e da obsessão pelo poder. Esta situação não favorece a imagem do PSDB-SC, enquanto o PT segue sua trajetória.
Ladeira Abaixo
O PSDB está perdendo terreno em Santa Catarina. O partido perdeu o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro. Geovania de Sá está exercendo o mandato de deputada federal, mas ficou como primeira suplente da coligação PSDB-Cidadania.
Desembarque
A parlamentar parece estar prestes a deixar o PSDB. Se não seguir o caminho de Clésio Salvaro, filiando-se ao PSD, ela tem grandes chances de se juntar ao PL. Seu mandato depende do governador, que nomeou a titular Carmen Zanotto para a Secretaria de Saúde.
Batendo em Retirada
Vicente Caropreso, deputado estadual, também indica que pode deixar o partido em breve.
Contabilidade
Ao final, Marcos Vieira pode ser o único detentor de mandato no PSDB estadual. Definitivamente, o partido está em declínio acelerado em SC.