Coluna do dia

Solto, mas longe da prefeitura

Solto, mas longe da prefeitura

Florianópolis amanheceu, ontem, sob a batuta de um prefeito interino no paço municipal. O vice João Batista Nunes assumiu no vácuo do afastamento temporário do titular. Embora tenha sido solto ainda na segunda-feira à noite, o prefeito Gean Loureiro segue afastado da prefeitura.

Ele não chegou a ser considerado preso, pois o delegado da PF que conduz as investigações da Operação Chabu, na Capital, usou da prerrogativa de não cumprir a ordem de prisão do desembargador federal Leandro Paulsen, do TRF-4, de Porto Alegre.

No mesmo despacho, o magistrado determinou o afastamento dele do cargo por 30 dias. O advogado de Gean, Diogo Pítsica, já atua no sentido de tentar reverter o afastamento. Valendo-se sobretudo da soltura do prefeito no mesmo dia em que foi detido, quando prestou depoimento à Polícia Federal, respondendo a todas as 70 perguntas feitas pela PF. Somente o desembargador Leandro Paulsen pode rever a própria decisão e permitir o retorno de Gean Loureiro à prefeitura. O prefeito assegurou, na terça à noite, durante coletiva à imprensa, que não irá ao paço enquanto não houver reversão judicial de seu caso. Até o fechamento da coluna, não se tinha notícia de qualquer despacho que permitisse o retorno de Loureiro ao comando executivo municipal.

Estrago

A Operação Chabu parece ter nitroglicerina suficiente para mexer na eleição da Capital em 2020. Gean Loureiro atuava forte em duas frentes: na administração da cidade, na qual estava no seu melhor momento; e no fortalecimento de seu grupo político com vistas à reeleição, projeto que agora escalou o telhado. E mais. Uma vez reeleito, Gean já era visto como potencial e forte candidato ao governo do estado em 2022.

Amenizou

Por mais que tenha capacidade de comunicação para estabelecer outro olhar sobre sua detenção, o prefeito sofreu grande abalo na imagem. Não é todo dia que um chefe de executivo de capital de estado é detido. Na história recente de Florianópolis, apesar de operações pesadas que investigaram supostos esquemas de corrupção (Moeda Verde e Ave de Rapina) envolvendo Câmara de Vereadores e a prefeitura, nenhum prefeito foi preso ou afastado. Por sua capacidade e rápida reação via mídia e redes sociais, Gean amenizou o estrago, que ainda será mensurado mais adiante.

Anabolizando

Nomes que já eram fortes, como os dos pepistas João Amin, deputado estadual, e Pedrão, vereador mais votado da história e que está desembarcando do PP por falta de espaço, tendem a ganhar mais musculatura na corrida à prefeitura de Florianópolis. Outro nome bem cotado no cenário pré-eleitoral da Capital é o do deputado federal Hélio Costa, o mais votado no pleito proporcional do ano passado.

Canhotos

A conferir como a esquerda vai se movimentar na Capital, onde fez o terceiro colocado no pleito de 2016, com o professor Elson Pereira, do PSOL. Ele é visto como potencial candidato inclusive numa hipotética união entre as siglas esquerdistas, algo que seria inédito na história recente.

Vermelhos

O PT de Florianópolis distribuiu nota oficial depois da detenção do prefeito de Florianópolis. O partido reafirma a oposição a Gean Loureiro na Câmara de Vereadores, mas faz duras críticas aos métodos policiais e ao “estado policialesco” que, segundo o PT, está estabelecido no Brasil.

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