O Brasil tem condições de sair maior do que entrou nesta crise política e econômica, desde que a sociedade e os poderes constituídos – não só o Executivo, mas também o Legislativo e o Judiciário – compreendam quais são os anseios da sociedade brasileira. Não podemos ignorar os problemas que envolvem a política, tampouco fechar os olhos para as dificuldades da economia. Mas também não podemos deixar que a crise nos domine ou paute nossas ações. Pelo contrário, temos que reagir, continuar trabalhando e investindo.
Do ponto de vista econômico, os ajustes em curso, necessários em função de erros do próprio governo, não podem sufocar a produção. O país precisa é de uma agenda positiva, que estimule a competitividade e incentive investimentos, permitindo a retomada do crescimento. Acontece que os fatores não gerenciáveis que afetam a indústria não param de crescer: legislação trabalhista ultrapassada, inflação, juros, tributação escorchante, corrupção, burocracia e infraestrutura precária. Isso retira a competitividade que o industrial obtém com muito esforço dentro de suas fábricas. Precisamos criar um ambiente em que seja possível produzir mais e gerar mais empregos. Nesse sentido, temos uma oportunidade importante de avançar no campo da segurança jurídica, com a votação do projeto que regulamenta a terceirização, programado para ser apreciado nesta semana, depois de 17 anos de discussão no Congresso.
No caso de Santa Catarina, a crise não é maior do que a determinação, o espírito empreendedor e batalhador do nosso empresário e, sobretudo, do nosso industrial, que liderou a criação de empregos no ano passado e está liderando a geração de vagas neste ano. Isso é um aspecto de extrema relevância, pois se os postos de trabalho se reduzirem, a crise política e econômica pode se transformar em uma crise social.
A população brasileira tem se manifestado em defesa de um País melhor, mais desenvolvido, justo e honesto. Atingir esses objetivos é um esforço que cabe a todos os brasileiros, sejam os que ocupam cargos públicos ou os que atuam na iniciativa privada. Os três Poderes e a sociedade precisam ter ações convergentes para passar o Brasil a limpo. Se a voz da sociedade for ouvida, será possível reverter esse quadro.
Glauco José Côrte, Presidente da FIESC.