Coluna do dia

Subiu no telhado

O momento não é dos melhores para o petista Décio Lima. Houve uma euforia quase que generalizada entre a canhotada estadual quando se anunciou a perspectiva de ele assumir o comando do Sebrae nacional, entidade que detém um orçamento pra lá de generoso.

Não é de hoje que registramos aqui: depois dos ministérios que compõem a esplanada em Brasília, há alguns cargos estratégicos na estrutura federal. Muito desejados, registre-se.
São eles: os comandos da Petrobras, da Eletrobrás, dos Correios, do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e o do Sebrae.
É uma vitrine daquelas. Basta lembrar que Paulo Okamoto, homem da mais absoluta confiança de Lula da Silva, pilotou o Sebrae nos oito anos dos mandatos anteriores da deidade petista.
Okamoto saiu do governo para fundar e estruturar a Fundação que leva o nome do ex-mito vermelho. Só para exemplificar.

Bilhões

A entidade tem um orçamento previsto de R$ 7 bilhões anuais. Entre suas atribuições, a viabilização de programas de fomento e acesso ao crédito a microempreendedores deste país.

Capilaridade

O Sebrae dispõe de 2,6 mil postos de atendimento no Brasil inteiro. É algo muito significativo no exercício da vida pública. A posição, estratégica, foi reservada pelo presidente que saiu das urnas ao amigo, correligionário e compadre Décio Lima.

Na trave

Há, contudo, senão, um porém. O todo-poderoso presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, entrou no circuito. Foi ele quem indicou uma das diretoras do Sebrae. Trata-se da ex-deputada Margarete Coelho, que é do Piauí, terra do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira. Lira também é filiado ao partido.

Quem manda

Nada se aprovará no Parlamento sem a concordância de Lira. O deputado fez as contas e concluiu que o governo capenga de Lula tem cerca de 200 votos na Câmara Federal.

Meia boca

Para aprovar uma matéria ordinária na Casa são necessários 257 votos. Uma alteração constitucional, a famosa PEC, carece de pelo menos 308 votos. São números que vão muito além do universo dos lulofanáticos hoje no Parlamento.

Saída

Uma das possibilidades avaliadas é a de Lula desistir de Décio Lima para a presidência do Sebrae. O Centrão liderado por Lira, a seu turno, degolaria o atual comandante, Carlos Melles. Margarete, contudo, seria preservada. Buscar-se-ia um tertius para o comando do Sebrae. Portanto, para Décio, o gato subiu no telhado.

Outros tempos

Mesmo com toda a força de Paulo Okamoto, que mergulhou de cabeça no projeto de degolar Melles (articulação democrática, claro), os petistas não conseguiram os 11 votos, entre os 15 conselheiros, para derrubar Melles. Na melhor das hipóteses, os golpistas teriam oito votos.

Sem previsão

A reunião para votar a destituição do atual comando e a eleição de Décio foi desmarcada. E não deve ganhar nova data. Qualquer nova articulação passará por Ciro Nogueira e Arthur Lira. Significa que Décio Lima no Sebrae hoje é uma possibilidade muito remota.

Bic?

Há especulações de que o presidente da República poderia dar uma canetada pra dissolver a atual estrutura do Sebrae. E emplacar o afilhado catarinense.

Nada disso

A pergunta é: esse tipo de arbitrariedade se sustentaria na Câmara dos Deputados, onde Lira fez 464 dos 513 votos para presidência?
Obviamente que não. Lula terá que encontrar uma nova posição para o amigo catarinense.

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