Impressionante o nível do ardil armado na Capital da República para que Michel Temer sancionasse o aumento salarial concedido aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O negócio foi resumidamente assim: deputados e senadores enrolados até o pescoço com o Judiciário aprovaram a mumunha. Uma vez aprovada a benesse no Legislativo, os juízes foram ao presidente. Sem a assinatura de Temer, os quase seis mil mensais a mais na conta dos supremos togados não pingaria. O salário de suas excelências passará de parcos R$ 33 mil para módicos R$ 39 mil mensais!
Com o presidente, os juízes – que deveriam, como condição sine qua non manterem-se equidistantes da barganha político-financeira – combinaram o seguinte: Temer avalizava, como avalizou, a majoração salarial ao STF e um dos ministros, Luiz Fux, derrubava, como derrubou, a liminar, de uma década, que garantia o auxílio-moradia a magistrados e integrantes do Ministério Público nos moldes atuais.
Suprema regalia
Por moldes atuais, leia-se o pagamento, do dinheiro dos impostos, de R$ 4,3 mil mensais (num país onde o salário mínimo não chega a R$ 1 mil) a magistrados e promotores. Todos. Mesmo os que trabalham onde têm residência fixa! Uma vergonha, um acinte, um chute no traseiro da sociedade.
Importante frisar que a canetada de Fux não retira o benefício para magistrados e promotores que trabalham fora de seu domicílio fixo.
Deboche
Depois desse acordão vergonhoso, o presidente do STF, Dias Toffoli, vem a público dizendo que o aumento seguido da derrubada de parte do auxílio-moradia não vai implicar em mais despesas ao Supremo. Mas o STF é uma ilha, cara-pálida? E o restante do país? Os Estados e municípios, que, assim como a União, serão atingidos em cheio pelo efeito cascata?
Porteira aberta
Depois que o STF abriu a porteira em conluio com o chefe do Executivo e o apoio da banda podre do Legislativo, outras categorias do funcionalismo já estão se mexendo para receberem mais nos contracheques. Como não poderia deixar de ser, deputados e senadores também estão articulando para beliscarem seus quinhões na farra estabelecida neste país. Logo no Brasil, carente de Saúde, Segurança, Educação, Infraestrutura e respeito ao erário.
Déficit
Não custa lembrar que a festa de fim do ano da magistratura e do MP ocorre num país com rombo orçamentário de R$ 139 bilhões para 2019. Soma estratosférica que será acrescida de mais R$ 4 bilhões. Cortesia de nossos nobres juízes, promotores e procuradores.
Na lona
O escorchante ardil foi finalizado por dois poderes que estão com suas imagens na lona: Executivo e Judiciário!
FRASE
“Trabalhamos com amor no coração e sem ódio, com respeito, com alegria”. Rafael Horn, que encerrou sua campanha à presidência da OAB na segunda-feira à noite, em Florianópolis, reunindo 1,4 mil advogados e advogadas.
Sem noção
As declarações e posicionamentos descabidos da jovem deputada eleita Ana Carolina Campagnolo já começam a respingar, e a incomodar, outros integrantes da bancada do PSL que assumirá em fevereiro de 2018 na Alesc.