Tribunal considerou representação improcedente e determinou arquivamento; caso levou ao suicídio do então reitor Luiz Carlos Cancellier
A representação de superfaturamento realizada contra a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi considerada improcedente pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou seu cancelamento nesta quinta-feira (06/07).
A decisão é mais uma parte do reconhecimento de inocência do reitor Luiz Carlos Cancellier, morto em 02 de outubro de 2017 depois de ser preso pela Polícia Federal dentro de operação denominada Ouvidos Moucos.
Tal operação buscava investigar um suposto esquema de superfaturamento pelo Departamento de Física da UFSC na locação de veículos para a execução de projetos de cursos à distância no sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Em ação executada aos moldes da Operação Lava Jato, Cancellier teve sua prisão decretada pela delegada da Polícia Federal Erika Mialik Marena, que chegou a chefiar a operação em Curitiba antes de ir para Florianópolis.
Cancellier cometeu suicídio dezoito dias após a operação policial, que mobilizou 105 policias federais, sete mandados de prisão temporária e cinco de condução coercitiva, ao se jogar do último andar de um shopping em Florianópolis.
Logo após a morte de Cancellier, a delegada foi transferida para Sergipe – e o então procurador Deltan Dallagnol chegou a se solidarizar com Erika por conta da morte do reitor, afirmando que as decisões “foram todas dele” e chegando a se oferecer para manifestações públicas de solidariedade.
Reparação pública
Em janeiro, os familiares de Cancellier obtiveram uma declaração pública de reparação por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na ocasião, o presidente afirmou que o reitor se matou pela pressão de uma polícia ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas insensatas, que condenaram as pessoas antes de investigar e antes de julgar e a gente não pode nem fazer um ato em homenagem a ele”.
“(…) Você morreu, mas as suas ideias continuam vivas e nós haveremos de recuperá-las e trabalhar para que a gente nunca mais permita que aconteça o que aconteceu”, disse o presidente.
Em abril, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reconheceu a suspeição da juíza substituta Janaina Cassol Machado, da 1ª Vara Federal de Florianópolis, para julgar o “caso Cancellier”. Segundo o decano, não cabe a magistrada “antecipação de juízos categóricos” em relação aos acusados no processo.
A saga foi detalhada pelo Jornal GGN no documentário “LEVARAM O REITOR”, idealizado por Luis Nassif com produção e roteiro de Patricia Faermann.