Nunca antes na história deste país um presidente no exercício do cargo foi denunciado por crime comum. Michel Temer acaba de ser. Também nunca antes, a popularidade de um mandatário nacional esteve tão próxima de zero. A de Temer está. O peemedebista, que assumiu prometendo um governo reformista e de união, já entrou para a história. Mas parece ainda insatisfeito.
A esta altura, até os pombos da Praça XV sabem que o melhor caminho para o país seria a renúncia de Temer. Mas ele não dá o menor sinal neste sentido. Muito pelo contrário. Armou sua tropa de choque, que cada vez menos se parece como uma tropa e cada vez mais se assemelha a um grupo em choque, para sepultar a denúncia de Rodrigo Janot. Temer é acusado de corrupção passiva. E tem a companhia, na peça do procurador, do notório Rodrigo Rocha Loures, ex-homem da mala.
Inimigo praticamente declarado do presidente, Janot ainda deve apresentar mais duas denúncias contra o peemedebista: por obstrução da Justiça e formação de organização criminosa. De reformista, o governo se transformou em escapista. Cercado por todos os lados, Temer não tem mais a menor condição de reformar o que quer que seja. O governo acabou transformado em um samba de nota única: fugir da degola a qualquer custo.
Ataque
Ao fatiar as denúncias contra Michel Temer, Rodrigo Janot soterrou a estratégia do Planalto, que queria se livrar rapidamente do processo na Câmara. De um tiro rápido, o governo passou a trabalhar com uma caçada aos votos em três turnos. Desgaste pouco é bobagem.
Cenário
Ao insistir na permanência, Michel Temer faz o jogo de Lula da Silva e do PT, os maiores responsáveis pelo abismo em que o país se meteu.
Lembrete
Michel Temer foi eleito duas vezes vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma Rousseff.