Do meio para o fim da semana que se encerrou, as atenções políticas de Santa Catarina voltaram-se para a presença do ex-presidente Michel Temer na região. O emedebista proferiu uma palestra na ADVB, onde atraiu um bom público composto por empresários e políticos. Lá estiveram dois ex-governadores do MDB – Paulo Afonso Vieira e Eduardo Moreira –; vários deputados estaduais, liderados pelo presidente da Assembleia, Mauro de Nadal (ao C na foto); o deputado federal Carlos Chiodini, presidente estadual do partido; a senadora Ivete da Silveira, além de três ex-ministros. Em sua explanação, Temer enfatizou que seu período de governo, embora curto, foi produtivo, mesmo tendo sido alvo de dois pedidos de impeachment após a gravação de Joesley Batista. O ex-presidente teve que persuadir os deputados para evitar um desfecho desfavorável.
Objetividade
Apesar de ter governado por um ano e oito meses, Temer conseguiu a proeza de aprovar no Congresso o novo ensino fundamental, a lei das estatais, a reforma trabalhista, a parte estrutural da Reforma Previdenciária (posteriormente viabilizada por Jair Bolsonaro), o teto de gastos, além de diversas privatizações e concessões.
Saldo Positivo
Ele realizou mais, em termos estratégicos, do que os dois mandatos de Lula da Silva, o mandato e meio de Dilma e o mandato de Jair Bolsonaro. Essa é a grande verdade. Michel Temer ressaltou que todos esses avanços estão sob escrutínio na gestão de Lula III. Por enquanto, apenas em discursos. Na prática, nada mudou.
Paz na Terra
O ex-presidente também destacou a necessidade de pacificação nacional. Ele concorda com a polarização, mas discorda da radicalização, que não trouxe benefícios para o Brasil e os brasileiros.
Bem Encaixado
A conferência de Temer foi bem recebida, mesmo Santa Catarina sendo um estado majoritariamente conservador e fortemente bolsonarista.
Posição
Temer é de centro. Seu discurso tem pontos de afinidade com o pensamento catarinense. As diferenças surgem principalmente quando ele critica Bolsonaro por sua postura radical.
Encruzilhada
O MDB enfrenta o desafio no estado de buscar uma inserção mais efetiva. Pode optar por um caminho pelo centro, como tem feito o PSD, ou inclinar-se para a direita.
Fôlego Curto
Alguns acreditam que o caminho “natural” do MDB é aliar-se à esquerda e aos admiradores de Lula. No entanto, em Santa Catarina, essa tendência tem vida curta. No máximo, a esquerda alcança 30% a 35% do eleitorado, enquanto a direita mantém pelo menos 65% dos votos.
“Emedebistas Bichados”
O MDB-SC está empenhado em consolidar Temer como sua referência no cenário nacional. Seria uma escolha acertada em vez de buscar referências em figuras como Renan Calheiros, Jader Barbalho, Valdir Raupp, entre outros?
Definhando
De qualquer forma, o partido precisa encontrar um caminho para se reerguer. Nos dois últimos pleitos estaduais, houve uma significativa redução da influência do MDB.
PTzada
O desafio é que parte do MDB, embora minoritária, está alinhada ao PT. Outra ala simpatiza e atua junto ao PL de Jorginho Mello. As eleições municipais serão indicativas. O presidente Carlos Chiodini já sinalizou que a estratégia é priorizar pequenos e médios municípios.
Exceção
Se uma cidade maior apresentar perspectivas reais de vitória, o partido investirá energia e recursos nela. Das 10 maiores cidades do estado, o MDB tem grandes chances de continuar administrando Jaraguá do Sul. E só.
Manutenção
Caso contrário, o objetivo é, pelo menos, manter o número atual de prefeituras, 99, sob comando do partido. E, claro, renovar o quadro de vereadores, para que o MDB possa vislumbrar perspectivas majoritárias estaduais em 2026.
foto>Ag. Alesc, divulgação