O governo de Michel Temer, em seus seis meses de vida, não conseguiu sinalizar claramente para os investidores e o mercado na direção da tão sonhada retomada econômica e vai colecionando escândalos semanais e suspeitas cada vez mais graves. O cheiro de enxofre exala a partir da cúpula do governo e do próprio presidente, citado 43 vezes por apenas um delator, o ex-homem de confiança de Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho.
O peemedebista, que comanda o partido há 15 anos e jamais pensou em se livrar de Gedeis, Eliseus, Moreiras Francos, Renans e Jucás, vê o cerco se fechando. No Congresso, a tendência é a base começar a se esfarelar, no melhor estilo salve-se quem puder, quando a nau começa a fazer água.
TSE
No Judiciário, 2017 tem tudo para ser o ano do julgamento do processo de cassação da chapa Dilma/Temer que, segundo o que tem revelado a Lava Jato, usufruiu de milhões roubados dos cofres públicos para criar a campanha eleitoral mais mentirosa da história republicana.
Estrago feito
Toda a articulação agora é uma tentativa, quase que desesperada, de redução de danos. O estrago está feito e a sobrevivência política de Michel Temer passa a depender muito menos de habilidade política e muito mais do respaldo das ruas e das revelações que virão a seguir!
Queda livre
O vazamento da delação de Cláudio Melo fez os investidores queimarem gorduras ontem na Bolsa de São Paulo, realizando lucros. Ninguém mais ousa apostar em um 2017 menos traumático do que este interminável 2016.
Tripé
Os detalhes da delação do ex-homem de confiança do herdeiro do império Odebrecht foi um verdadeiro tsunami em três frentes: presidências da República, da Câmara e do Senado.
Gostinho
Rodrigo Maia, presidente da Câmara e também citado por Melo em práticas corruptas, se alia ainda mais a Michel Temer. Ele sonha em ficar à frente da Câmara, renovando o mandato com o famoso jeitinho brasileiro para driblar a legislação.
Chicana
O deputado aposta em um enunciado do então advogado Luiz Barroso, hoje ministro do STF, de 2008. Segundo o causídico, é vedada a reeleição à presidência da Câmara em casos de presidente eleito normalmente. No caso de mandato-tampão, cabe interpretação, que pode favorecer Maia. De acordo com Barroso, claro.
Resistência
Não bastasse ver a popularidade despencando – apenas 10% aprovam o governo Temer (e olha que a pesquisa Datafolha foi feita antes do vazamento da delação de Cláudio Melo), o presidente está com dificuldades para nomear o deputado Antônio Imbassahy, do PSDB, para a Secretaria de Governo no lugar de Geddel Vieira Lima. O Centrão resiste.
Inanição
A sensação nos meios políticos é de que o governo Michel Temer está terminando sem começar!
Gabinete de crise
Ministro Bruno Araújo, das Cidades, cancelou agenda em Florianópolis ontem. Ele participaria de evento do PSDB estadual. Não veio porque Michel Temer mandou todo mundo ficar em Brasília, de sobreaviso, e articulando em favor da sobrevivência do governo.
Pacote
Para tentar mudar um pouco a agenda negativa, o Planalto deve anunciar, ainda esta semana, um pacote de oito medidas de estímulo à economia.