Tempo nublado.
Uma quinta-feira, 12, que poderíamos definir como melancólica. Não só pelas chuvas que caíram em toda Santa Catarina em meio à adversidade climática que já castiga mais da metade dos municípios catarinenses, mas também pela presença de Jair Bolsonaro em Chapecó.
Pela motivação, a visita do ex-presidente merece aplausos. Houve um culto ecumênico em defesa da vida. Contra o aborto e o desejo de sangue de fanáticos ideológicos.
É a reação de lideranças contra o movimento vexaminoso do STF em favor do livre assassinato de fetos de até 12 semanas. Sob este aspecto, Bolsonaro prestou um grande serviço.
Se usarmos a lente política, contudo, a agenda não foi bem elaborada. No culto que reuniu mais de 20 mil pessoas na Concha Acústica da Efapi, Jair Bolsonaro fez um movimento em favor de alguém que vive 24 horas conspirando contra o governador que é amigo, correligionário e que fez dobradinha com o ex-presidente.
Jorginho foi ao Oeste, mas estava com cara de pouquíssimos amigos. Evidentemente que os bolsonaristas não gostaram da enchida de bola que o ex-presidente deu em João Rodrigues.
Contra
O prefeito de Chapecó, candidato à reeleição no ano que vem, é do PSD, partido cujos líderes atuam freneticamente para tentar desestabilizar o governo estadual.
O partido do alcaide aliás, já registramos aqui, é o que há de mais hipócrita no contexto partidário deste país.
Feito
Seus líderes, os pessedistas, conseguem ser piores do que os do PT e os do MDB.
Bolsonaro veio badalar João Rodrigues. Registre-se que Jorginho Mello não vai apoiar o prefeito na busca pela reeleição na maior cidade do Oeste.
Contrapé
Em 2022, na última hora, João Rodrigues tentou dar uma rasteira no atual governador, articulando uma chapa com Clésio Salvaro de vice e Luciano Hang ao Senado. A costura não prosperou. Caso desse certo poderia ter desestabilizado o projeto de Mello.
Abaixo da cintura
Com Rodrigues reeleito, a turma do PSD, que faz política da maneira mais suja e sórdida possível, vai tentar de tudo para atrapalhar a reeleição do governador.
Marcando posição
Também por isso que o PL lançará candidato a prefeito em Chapecó. Nesse contexto, o PT pode até vencer a eleição na Capital oestina considerando-se a diluição de votos na centro-direita.
Viés de baixa
João Rodrigues está caindo pelas tabelas. Seu partido tem três ministérios no desgoverno Lula. O prefeito, não custa lembrar, sempre foi frontalmente contra a Organização.
Ele fala de obras, vai usar esse argumento na campanha, mas o governo do Estado tem muito mais condições de investir em Chapecó do que a prefeitura.
Alívio
A ida de Bolsonaro ao Oeste até pode ajudá-lo a neutralizar o discurso dos adversários. A oposição a Rodrigues fará de tudo para que ele não cole no bolsonarismo. Daí o incômodo de Jorginho Mello, que marcou presença no ato, mas contrariado.
Perfil
Aliás, o ex-presidente, não raras vezes, sob o viés político, tem a sutileza de um macaco numa loja de cristais. Basta observarmos que o candidato que ganhou uma declaração, meio tímida, é verdade, na eleição suplementar de Brusque ficou em quarto lugar.
Muleta
No contexto geral, Bolsonaro é um bom eleitor. Mas em situações específicas costuma errar a mão.
Nessa quinta-feira no Oeste, Jair Bolsonaro prestou um desserviço ao seu próprio partido e ao governador que o hospedou em Santa Catarina recentemente.
Gesto
João Rodrigues, registre-se, buscou dar uma amenizada no clima. Elogiou a atuação de Jorginho Mello, que liderou e lidera Santa Catarina com arrojo e maestria nesse momento difícil.