Tirando Tiradentes, quem sobra?
A sexta-feira, o feriado, foi dedicado a Tiradentes, um verdadeiro herói brasileiro. Tivemos outros, também. Poderíamos citar até um conterrâneo mais recente do mártir mineiro, Tancredo de Almeida Neves.
Quando se fala em heróis, contudo, é algo que está em desuso, não existe mais na política brasileira. Especialmente depois que o PT chegou ao poder.
Lula da Silva foi candidato a presidente pela primeira vez em 1989. Na undécima hora, o ex-mito desbancou Leonel de Moura Brizola na disputa pela vaga no segundo turno.
O gaúcho mais carioca da história recente tinha tudo para ser o presidente da República, mas não contava com o fato novo do “caçador de marajás”, do então governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello. Que foi ao round final embalado pela Rede Globo.
Mesmo assim, a expectativa era de que o engenheiro trabalhista pudesse enfrentar o nordestino. No finalzinho da apuração, o ex-líder sindical suplantou o pedetista por menos de meio ponto percentual, 0,5%, dos votos.
Por um triz
Além da derrota para Collor, o ex-tudo da canhotada tupiniquim perdeu duas vezes para Fernando Henrique Cardoso, alçado em 1994 à presidência pelo Plano Real.
FHC, convém rememorar, perdeu a prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros em 1985. Nunca foi bom de votos. O projeto de estabilização econômica elegeu o catedrático da Sorbonne.
Sempre ele
Lula parecia desistir de uma quarta disputa presidencial quando foi convencido pelo todo-poderoso, o Rasputin petista e tropical, Zé Dirceu, a colocar-se novamente no cenário na sucessão de FHC.
Tripé
Foram três movimentos básicos que elegeram o companheiro. Primeiro. Duda Mendonça, marqueteiro de mão-cheia, pilotando a propaganda da campanha. Segundo. Puxar um empresário de vice. Zé Alencar, de Minas Gerais, foi o escolhido para dar aquele conforto ao setor produtivo da Avenida Faria Lima.
E o terceiro aspecto, como nas eleições de 1996 e nas de 2000, o PT elegeu muitos prefeitos, Zé Dirceu correu o país fazendo caixa com os alcaides petistas para a campanha de Lula.
Lula lá
Em 2002, ele chegou lá. Foi reeleito, conseguiu eleger a ex-mãe do PAC e pupila Dilma Rousseff, que apesar do petrolão, foi reeleita, mas acabou degolada porque o Brasil estava à beira do abismo sob Dilma.
Equilíbrio
Michel Temer completou o mandato. E em 2018, embalado pelo antipetismo, o então deputado Jair Bolsonaro elegeu-se.
Realidade atual
O antibolsonarismo levou Lula lá novamente. Esperava-se uma Lula III mais amadurecido, centrado, equilibrado. O que se vê é diametralmente o oposto.
Metralhadora giratória
O ex-mito está incendiário, descontrolado, parece com algum problema. Ou existencial, ou emocional, ou psicológico, ou espiritual. Algo está errado com Lula da Silva.
Só asneiras
Caminhamos para o fim do primeiro quadrimestre do governo e é um tiro no pé atrás do outro. Ele joga contra sua administração, contra o PT, contra o Brasil e contra si próprio.
Gravíssimo
Na semana que se encerra, veio a cereja do bolo. As imagens divulgadas na quarta-feira pela CNN, escancarando que a depredação do Palácio do Planalto não partiu dos conservadores. Pelo contrário. Os criminosos foram orientados, estimulados e coordenados pelo chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general G Dias, homem da confiança absoluta do petista-mor desse país.
Intimidade
Conhecido como a sombra de Lula. Esse é G Dias. Nos dois governos anteriores do presidente, ele foi o chefe da segurança do petista. É íntimo do líder.
Ah, tá
G Dias fez tudo aquilo, permitindo a invasão do palácio, a entrada dos vândalos, a saída deles, que chegaram a receber água do general, por conta própria? Toda aquela armação? Aí vem Lula, dizer, de novo, outra vez, novamente, que não sabia de nada. Que é isso, camarada?
Lorota
Esse argumento não é factível, não é possível assimilar essa conversa mole, cara-pálida. O G Dias não tinha autonomia alguma. Nunca teve. Nesse contexto, Lula vem com essa conversa de que havia pedido as imagens e o general não as tinha?
Plim plim
Como os vídeos aparecem agora? É uma mentira atrás da outra. Lula antecipou a viagem a Portugal. Embarcou na quinta à noite para além-mar. Sem apresentar explicações convincentes. Nem ele, nem o PT, nem algum ministro, nem ninguém.
CPMI já
Na terça-feira, tudo indica, teremos a instalação da CPMI do 8 de janeiro, que vai desnudar a verdade daquela fatídica data. Portanto, senhor Lula da Silva, prepare-se porque teremos dias eletrizantes, e longos, pela frente.