Tripé de direita no Senado
Olho neles a partir de agora. A direita cristã no Brasil fincou raízes definitivamente depois das eleições de 2022, em que pese a vitória de Lula da Silva, por uma margem mínima, na disputa presidencial.
Além da obviedade de se falar do enorme potencial futuro de Tarcísio de Freitas, eleito governador de São Paulo, e de Romeu Zema, reeleito de forma avassaladora em Minas Gerais, outros três nomes já despontam para liderar e consolidar a atuação conservadora no Senado: Hamilton Mourão, vice-presidente que elegeu-se senador pelo vizinho Rio Grande do Sul; Damares Alves, ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, que também estará na Câmara Alta a partir de 2023, representando o Distrito Federal; e Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura que chegou à mesma Casa pelo Mato Grosso do Sul, ocupando o espaço que já foi da neolulista Simone Tebet.
São perfis diferentes, mas também convergentes no sentido de coerência, seriedade e inteligência pessoal e política.
Assertivo e pontual
Mourão, sem sombra de dúvidas, é um dos quadros mais preparados do país. Sobre o delicado momento atual, o gaúcho asseverou, do alto da tribuna das redes sociais: “Brasileiros, há hoje um sentimento de frustração, mas o problema surgiu quando aceitamos passivamente a escandalosa manobra jurídica que, sob um argumento pífio e decorridos cinco anos, anulou os processos e consequentes condenações de Lula.” Trocando em miúdos, Hamilton Mourão pontua que o problema das manifestações pós-eleições foi o timing. O povo devia ter ido para as ruas depois da canetada de Fachin!
Visão especial
Especialista em Orçamento Público, Mourão também vem alertando sobre a bomba-relógio que está se armando para 2023. Segundo ele, a chamada PEC da transição (que se fosse proposta pelo governo atual seria chamada de PEC da explosão orçamentária) pode criar um rombo de até R$ 200 bilhões à viúva. Já de cara. “Onde estão os críticos?” cobrou ele.
Combativa
Cristã e dona de uma história de vida de superação e de muita dignidade, Damares Alves é outro nome que incomoda o PT e parte do establishment.
Atacada de forma viral por militantes digitais de esquerda e por lideranças canhotas quase que semanalmente, ela fez um belíssimo trabalho à frente da pasta que pilotou. Sem se dobrar a pressões nada republicanas. Deixará saudades.
Pátria amada
A senadora eleita pelo DF também se manifestou sobre a derrota de Bolsonaro em 30 de outubro. “Perdemos uma eleição, mas não o amor pelo país,” pontuou a pastora.
Sobre os que estão voltando, ela já mandou seu recado também. Os 14 anos de PT diretamente no poder, segundo ela, levaram o país “à fome, miséria e corrupção.”
Tereza Cristina
A sul mato-grossense Tereza Cristina tem o perfil mais discreto dos três. Mas nem por isso deixa de se posicionar e, sobretudo, de mostrar trabalho e resultados. Respeitada e admirada por praticamente todo o agronegócio, ela assumirá já cotada para substituir Rodrigo Pacheco, uma espécie de marionete do STF, na presidência do Senado, cargo pra lá de estratégico.
O PT tentará manter Pacheco. A queda-de-braço vai medir as forças antagonistas já no começo do futuro governo Lula. Quem terá mais garrafas vazias pra vender? A conferir.