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Triunvirato catarinense

Considerando-se os últimos 50 anos da história política de Santa Catarina, podemos cravar, sem medo de errar, que o Estado produziu três grandes lideranças, o triunvirato que interagiu e foi o mais influente deste meio século. Dois deles ainda estão vivos, um aposentado e o  outro em plena atividade. Um já não se encontra entre nós.

Dos anos 1970 pra cá, os catarinenses Jorge Konder Bornhausen, Esperidião Amin Helou Filho e Luiz Henrique da Silveira formam o tripé que deu sustentação à vida pública estadual.

O único ainda em plena atividade é Esperidião Amin. Ele começou pelas mãos do ex-governador Antônio Carlos Konder Reis, que o nomeou prefeito de Florianópolis. Na sequência, em 1978, se elegeu deputado federal, o mais votado de Santa Catarina.

Quando Jorge Bornhausen assumiu o governo, levou o parlamentar para a poderosa Secretaria de Transportes, já o acomodando numa posição para ser o candidato a governador na eleição de 1982, a primeira direta depois do período militar.

Parada indigesta

O adversário dos governistas naqueles idos era muito difícil de ser batido.  Jaison Tupy Barreto era uma figura em plena ascensão no cenário estadual. Havia conquistado uma vaga ao Senado e chegava muito forte para disputar a sucessão de JKB.

Alinhamento

Neste contexto, Bornhausen e Amin foram abrindo caminho juntos. Mas nem tudo foram flores, naturalmente. Houve pelo menos dois rompimentos entre eles. O mais escancarado foi na eleição de 1994, quando JKB recolheu as armas em relação à candidatura de Angela Amin, movimento que foi decisivo para a vitória de Paulo Afonso Vieira.

Corpo

Bornhausen e Amin, de certa forma, se completavam. O primeiro nunca foi uma liderança popular, com apelo de votação maciça. Mas era exímio articulador, inclusive reconhecido nacionalmente. JKB foi ministro da Educação de José Sarney, secretário de governo de Fernando Collor de Mello, além de duas vezes senador.

Alma

Esperidão Amin, a seu turno, nunca foi de articular alianças e acordos que garantissem o poder. Mas sempre foi popular e dono de votações que até hoje o colocam no centro do tabuleiro eleitoral.

Outro caminho

Enquanto esta dupla construía o seu caminho, o mesmo acontecia com Luiz Henrique da Silveira, figura histórica do MDB, o partido rival da Arena, que depois virou PDS, e se desdobrou em várias siglas, hoje mais representadas por Progressistas, PSD e DEM.

Mesmo governo

No mesmo período em que JKB foi ministro, LHS também assumiu pasta na esplanada. Comandou o Ministério da Ciência e Tecnologia de José Sarney. Mas sempre com mandatos de deputado ou de prefeito de Joinville. Na verdade, o emedebista evitava, a qualquer custo, o confronto eleitoral contra Esperidião Amin.

Sem reeleição

Em 1990, ano que ainda não havia o instituto da reeleição, Casildo Maldaner estava inelegível em função disso. LHS negou fogo e a candidatura pelo MDB sobrou para o então deputado Paulo Afonso Vieira.

Fora dessa

Luiz Henrique seria o candidato natural. Como tudo indicava que oponente seria Esperidião Amin, ele pulou fora. No final das contas, Amin foi ao Senado e Vilson Pedro Kleinübing concorreu e conquistou o governo de Santa Catarina.

Vitória emblemática

Quatro anos depois, novamente o MDB lança Paulo Afonso Vieira. Que chegou lá, batendo justamente Angela Amin, numa das duas eleições “imperdíveis” perdidas pelo casal.

Personalismo

Em 2002, Esperidião novamente fez barbeiragem no quesito articulação (aliás, rezam os bastidores que nem dava bola para os deputados aliados, por exemplo) e perdeu outra eleição. Para o então azarão LHS. O forte de Amin era a popularidade e a gestão.

Fenômeno

Ali surgia a terceira grande liderança do último meio século. A que se consolidou mais tardiamente considerando-se o triunvirato e o único que já faleceu.

Longevidade

Mesmo assim, Luiz Henrique fez o que ninguém fez até hoje: um longo período de controle administrativo em Santa Catarina. Ele foi o primeiro governador reeleito para dois mandatos consecutivos, feito repetido por seu apadrinhado Raimundo Colombo.

 

 

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