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TRUMP GANHOU AS ELEIÇÕES, E AGORA?

Havia muita expectativa em torno das atuais eleições Norte Americanas, e um dos principais fatores é devido à possibilidade de um bilionário excêntrico e sem papas na língua assumir a cadeira que pode ser considerada uma das mais importantes do mundo.

Este bilionário polêmico é Donald Trump, empresário e ex-apresentador de TV. E toda polêmica e expectativa vêm não só de seu histórico, mas também de sua campanha, a qual foi cheia de declarações polêmicas como uma proposta da construção de um “muro” que separaria os Estados Unidos do México e outras medidas contra imigrantes ilegais. Trump teve uma campanha agressiva, distribuindo insultos a diversas classes e questionando transações comerciais com vários países, alegando que o trabalhador norte americano está sendo prejudicado.

Após muita polêmica, Donald Trump foi eleito 45º Presidente dos Estados Unidos da América. No mesmo momento, bolsas de todo o mundo tiveram quedas expressivas devido às incertezas em que uma gestão de Trump poderia trazer à economia mundial.

Como o futuro Presidente conseguiu se eleger com uma campanha, que aos olhos do mundo parece tão duvidosa? Donald fez uma campanha direcionada. Trabalhou buscando atingir principalmente antigos trabalhadores de indústrias como a automobilística, a antiga classe média. Antiga, pois é uma classe que atualmente vive com sérios problemas sociais e financeiros.

Há algumas décadas, os EUA viviam o sonho da América. Muitos trabalhadores sem necessidades de muito estudo conseguiam empregos bem remunerados na indústria e viviam muito bem. Ocorreu que com as mudanças no cenário econômico, como a Globalização e os altos custos da indústria norte-americana, tornaram-se mais barato terceirizar, agregando valor e inovação ao PIB, demandando capital intelectual, e transferindo a mão de obra de base para países em desenvolvimento, suprindo sua demanda de produção através da importação.

Essa parcela relevante da população não conseguiu recolocação no mercado de trabalho, tendo em vista que seus empregos estavam extintos, e o setor de serviços que poderia suprir esta demanda já estava ocupado por imigrantes de diversos lugares do mundo, criando um sério problema social. Trump falou o que o povo queria ouvir, foi radical e agressivo, buscando conquistar essa parcela da população. E conseguiu!

A situação é que eleito, o futuro Presidente deverá buscar alternativas pra melhorar a qualidade de vida de seu eleitorado. Há uma expectativa muito forte em que ele adote medidas protecionistas que irão afetar muitos países em desenvolvimento e que trarão deterioração fiscal à economia pública norte americana. Isso traz um risco elevado não só para os Estados Unidos, mas também para países e empresas de todo o mundo, fazendo o capital mundial buscar segurança através de investimentos em ativos que dão solidez, como ouro e dólar, reduzindo a oferta de capital e a demanda por produtos, trazendo sérios impactos sociais em todo o mundo. Por isso, imediatamente após a confirmação de Trump Presidente, bolsas de valores de todo o mundo caíram expressivamente.

A questão é: Donald Trump fará uma gestão populista e de curto prazo, que trará conseqüências sérias no médio e longo prazo para a economia de seu país e de todo o mundo só para atender suas promessas de campanha?

Trump é bilionário. Pessoalmente penso que pra chegar aonde chegou ou para manter o que ele tem não a ingenuidade não o domina. Trump é do partido Republicano, que tem maioria no Congresso e muita relevância nas decisões políticas dos Estados Unidos. Partido ainda que historicamente mantém posição mais favorável à austeridade fiscal e contra o excesso de protecionismo comercial, indo contra o que foi declarado em campanha pelo Presidente eleito. Outro ponto relevante, é que as instituições Norte Americanas são bem mais solidas que as Brasileiras. O FED assim como o BC tem independência pra trabalhar, e a atual gestão termina em 2018, o que dá uma provável continuidade em sua política monetária.

Há muita limitação sobre as ações do atual Presidente, entretanto também há muita incerteza sobre o que há por vir, considerando tantas mudanças de posições no seu histórico.

O mais provável é que ele adote uma política expansionista, com fortes investimentos em infra-estrutura, buscando realocar seu eleitorado no mercado de trabalho, gerando novas demandas e preparando ainda melhor o país para as novas gerações, sem necessariamente trazer impactos relevantes nas políticas comerciais. A após eleito, Trump tomou uma posição conciliadora. Falou que irá governar para união e se pôs à disposição para discutir uma política para todos.

Embora ainda seja cedo pra saber o que vem pela frente, demonstra menor radicalismo, buscando credibilidade para seu futuro governo. Basta agora aguardar os próximos passos e a formação de sua equipe econômica para termos maior idéia do que está por vir. Por hora o importante é ter cautela, pois o que há de vir pode não ser tão desastroso quanto o que vem noticiado constantemente. Pode também não ser tão bom quanto desejamos que fosse.

 

André G. Schneider, Presidente da Seccional Norte da OESC – Ordem dos Economistas de Santa Catarina.

 

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