Incompetência e desinformação se misturam a interesses político-eleitorais e, em alguns casos, a outras demandas menos republicanas e têm formado o caldo do quadro caótico pelo qual passa Santa Catarina neste momento.
Exemplo clássico e bem recente. Vivemos o cúmulo de ter que acompanhar o Ministério Público de Santa Catarina entrar com ações contra os 22 municípios da Grande Florianópolis.
A interrupção das aulas presenciais motivou o MPSC a acionar o Judiciário. Mas com base em que, alcaides, suspenderam tudo? Então a educação não é uma atividade essencial?
Evidentemente que sim. Antes de tomar decisões desta monta, que envolvem tantas pessoas e vidas, os respectivos secretários municipais deveriam se aconselhar com as entidades médicas como Associação Catarinense de Medicina e o Conselho Regional de Medicina.
Puxão de orelhas
Não foi o que fizeram, claro. O que motivou uma nota pública do CRM. O Conselho afirma, com todas as letras, que os alunos em sala de aula têm mais proteção do que nas suas próprias residências, onde não há protocolos sanitários estabelecidos como nos educandários.
Outra realidade
Sem contar que, entre crianças e adolescentes, assinala o texto do CRM, os níveis de contágio pelo coronavírus são muito reduzidos. É incompreensível esse tipo de decisão dos prefeitos.
Vale registrar que em São José, as aulas já retornaram depois que a Justiça acatou o pedido do MPSC.
Na contramão
Em Palhoça, houve decisão semelhante do Judiciário, assim como na Capital. Trocando em miúdos: mais de um ano depois do início da pandemia, as autoridades, neste caso, os 22 mandatários da Grande Florianópolis, seguem cometendo erros primários quando assunto é combater a Covid19, seguindo absolutamente na contramão da história.
Ensino e alimento
Ainda em relação ao ensino presencial é preciso levar em consideração a logística familiar. Os pais trabalham e precisam encontrar lugares para deixarem os filhos quando estes não vão para a escola. Acabam ficando com avós, tios, amigos, enfim, só potencializando o contágio. Há, ainda, o aspecto da saúde mental das crianças, que se degrada em função do confinamento. Com o agravante de que nas comunidades mais carentes, muitas crianças dependem da escola para terem acesso à principal refeição do dia.