Mas vamos nos concentrar no panorama estadual. O que esse encontro, essa rodada, pode, de alguma maneira, influenciar nas conversações em curso hoje em Santa Catarina? Antes de mais nada, vamos analisar a negociação de Jorginho Mello para ampliar o espaço do PP e do MDB no governo.
Os emedebistas, inclusive, andam meio incomodados pela falta de sensibilidade do governador em oferecer uma posição mais à altura de um político do cabedal do deputado federal Carlos Chiodini que, nesta segunda-feira reassumiu o MDB catarinense.
Envergadura
Ele também é vice-presidente do partido no plano nacional, circulando com muita desenvoltura em Brasília.
PSD no governo?
Mas, convenhamos. Depois dessa conversa, mesmo que preliminar, entre Jorginho e Kassab, não apenas o MDB, mas também o PP começa a botar as barbas de molho.
A reboque
Ora, se há possibilidade, lá à frente, de o PSD também estar nesse projeto, não restaria a essas duas siglas outro caminho que não essa eventual coligação.
Chapa indigesta
Adversários tradicionais de 40 anos formariam uma chapa majoritária, progressistas e emedebistas? Pouco provável. Além da rivalidade histórica, quem seriam os nomes a compor uma chapa reunindo MDB e PP para 2026?
Representatividade
Mas enfim, importante apreciar mais o que representa propriamente essa aproximação entre Kassab e Jorginho Mello. Porque o governador foi a São Paulo pelas mãos do prefeito reeleito no primeiro turno, Topázio Silveira Neto; e também pela intermediação do secretário de Articulação Internacional, o ex-deputado estadual e federal, Paulinho Bornhausen, de quem Kassab é amigo.
Laços históricos
Mais do que isso. Assim como o ex-deputado carioca César Maia, Kassab é cria política de Jorge Konder Bornhausen, pai de Paulinho, que está fora do dia a dia da política. Aos 87 anos, JKB continua sendo consultado e procurado, especialmente por Kassab, que deve muito a ele. Não só pelo que ele aprendeu na arte da articulação política, mas pelos espaços que conquistou.
Respaldo
Foi Jorge Bornhausen quem o cacifou de vice de José Serra na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2004. Depois o tucano concorreu e venceu a eleição para governador paulista. Kassab virou prefeito da maior cidade da América do Sul. De graça.
Aprendizado
Foi candidato à reeleição e aí renovou o mandato pelos seus próprios méritos. Então, o que se observa hoje no PSD é que tem dois grupos. Não apenas aquele que comanda o partido, através de Eron Giordani, que é um preposto de quem? Dos dois principais líderes pessedistas: o prefeito reeleito de Chapecó, João Rodrigues; e o deputado Júlio Garcia, que encaminha um quarto mandato à frente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
Racha?
Mas agora surgem Topázio e Paulinho também articulando. Isso não pode ser desprezado nem ignorado. Ou seja, a ideia de levar Topázio para o PL ou para algum dos partidos controlados por Jorginho Mello está descartada até segunda ordem.
Hostes
Ele pode ser mais útil no PSD, inclusive atraindo prefeitos do próprio PSD para o seu grupo. E, com a ajuda do governador, atraindo prefeitos de outros partidos, reforçando a sua própria ala partidária. Lá à frente, se o PSD buscar outro caminho eleitoral, o prefeito de Florianópolis poderia buscar abrigo no PL ou em algum outro partido vinculado ao governador.
Majoritária
Sim, porque João Rodrigues, antes mesmo de vazar a informação do encontro de Jorginho com o Kassab, reiterou que é candidato ao governo, inclusive anunciando a data da renúncia à Prefeitura de Chapecó. Por outro lado, Topázio já está fechado, assim como Paulinho Bornhausen, com a recondução de Jorginho Mello.
Sinal claro
Para finalizar, a cereja do bolo, o encontro foi na terça. Na quarta-feira, já em Florianópolis, Jorginho Mello pratica o gesto ao declarar que seu candidato à presidência da Assembleia é Júlio Garcia. Isso certamente chegou a Kassab. Foi uma clara, claríssima demonstração de alguém que deseja uma parceria eleitoral para 2026.