É pouco provável que haja intervenção militar no Brasil. O cenário, inclusive mundial, não favorece uma ação extrema das Forças Armadas. O comandante do Exército, General Villas Boas, falando em nome também da Aeronáutica e da Marinha, deu uma bela emparedada no STF. Na terça-feira, ele pulicou dois tuítes repudiando a impunidade e alertando que as Forças Armadas estão atentas às suas missões institucionais. Recadaço, sintonizado com o grito das ruas.
Erro do STF
Essa manifestação do comandante do Exército foi originada num erro do próprio STF, que está contribuindo para este momento de intranquilidade. O Supremo pisou na bola ao adiar por 13 dias este julgamento do HC de Lula da Silva porque o ministro Marco Aurélio tinha um compromisso institucional no Rio de Janeiro. Movimento inexplicável que originou também as novas manifestações de rua, elevando a tensão.
Serenidade para os outros
Agora não adianta a Cármen Lúcia, presidente da corte, vir pedir serenidade se a intranquilidade foi originada num erro grosseiro da própria Suprema Corte. O povo nas ruas, contra e a favor do líder petista, deve ser encarado como manifestações democráticas. O mesmo não pode se dizer em relação às palavras do General Villas Boas. Registre-se que ele é muito respeitado pelas Forças Armadas, mas sua manifestação foi descabida, inapropriada e equivocada. Por mais que o STF tenha errado, o Tribunal tem que ter a liberdade para decidir. As palavras do general não deveriam, mas podem ser encaradas como uma ameaça. Agora, depois disso, se o STF negar o HC, poderá se afirmar que prenderam Lula da Silva por pressão das Forças Armadas. E se soltarem o ex-presidente, a decisão pode ser encarada como um desafio aos militares. Ficou tudo meio atravessado.