Com o restabelecimento das eleições diretas nos estados, em 1982, nos estertores do Regime Militar, tivemos em Santa Catarina uma sucessão de alternância no poder.
É só puxar um pouco pela memória e observa-se um rodízio do velho PDS (e seus sucedâneos) com o MDB.
Em 82, deu Esperidião Amin (PDS). Quatro anos depois, foi a vez de Pedro Ivo Campos (MDB). Em 1990, quem levou a eleição foi Vilson Kleinübing (PFL).
Ele foi sucedido por outro emedebista, Paulo Afonso Vieira. Quatro anos se passaram e Amin voltou ao poder central em Santa Catarina. Já filiado ao PPB (hoje Progressistas).
O hoje senador acabou suplantado por Luiz Henrique da Silveira, figura histórica do MDB quatro anos depois.
A partir de 2006 a tendência mudou. Veio uma sequência de mais três mandatos do mesmo grupo político, iniciada com a surpreendente vitória de 2002.
Articulador nato
LHS foi reeleito e foi artífice e fiador das duas conquistas de Raimundo Colombo (PSD) como governador. Em 2010 e 2014.
Vale o registro de que em 2002 Luiz Henrique foi beneficiado pelo apoio de Lula da Silva no segundo turno contra Amin.
Com o PT
LHS retribuiu ajudando a eleger o deputado Volnei Morastoni, atual prefeito de Itajaí e filiado ao MDB, presidente da Assembleia. Morastoni foi um dos fundadores do PT itajaiense.
Espaço
Luiz Henrique provocou uma viagem ao exterior e também fez com que o vice, Eduardo Moreira, deixasse o país. Com isso, abriu-se espaço para o petista assumir o governo em 2003, gostinho que Morastoni sentiu novamente em 2004. Foram as únicas vezes que o PT administrou Santa Catarina.
Parceria
Ou seja, toda a aposta de Luiz Henrique da Silveira era no sentido de continuar a parceria com o PT, inclusive pensando na sua reeleição.
Tiroteio
A aliança não prosperou por falta de apoio e de vontade de petistas mais radicais como ex-deputado Afrânio Boppré, hoje no PSOL.
Fora dessa
Quando LHS percebeu que o PT mais radical de Santa Catarina iria se sobrepor aos petistas menos inflamados do ponto de vista ideológico, ele seguiu na direção oposta.
Liberais
Foi em busca do PFL de Jorge Bornahusen e de Raimundo Colombo (eleito senador em 2006) e do PSDB de Leonel Pavan (vice-governador), a famosa tríplice aliança que assegurou a reeleição do emedebista mesmo com Lula apoiando Esperidião Amin naquele ano.
Ironia
O adversário do petista na corrida presidencial de 2006 foi ninguém mais ninguém menos do que Geraldo Alckmin, o atual vice-presidente. LHS estava fechado com o então candidato tucano ao Planalto.
Passado
Em 2018 observamos o fim desse ciclo. Por conta da Onda Bolsonaro foi eleito um ilustre desconhecido, Moisés da Silva.
Troco
O mesmo Moisés que acabou derrotado em 2022, muito por conta do bolsonarismo catarinense. Estranha e erroneamente, o ex-governador se afastou do ex-presidente já no começo de seu mandato. Sem cacoete, não soube fazer política e perdeu o posto para alguém que tem muita estrada e experiência: Jorginho Mello. Ele está no nono mandato consecutivo.
Outros carnavais
A conversa é outra. O governador faz política. Elegeu-se pelo componente externo, mas está se estruturando em um bom início de administração numa ponta e conquistando aliados dia a dia com vistas ao pleito municipal de 2024 em outra frente.
Pavimentando
As eleições municipais são estratégicas ao projeto de reeleição de Jorginho Mello. Some-se a isso o fato dele não estar se afastando da direita e nem de Bolsonaro. Vem atuando com maestria até aqui.