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Uma nova marca de veículos elétricos surge em SC — com planos de faturar R$ 2 bilhões

O texto e as informações são da Revista Exame Negócios

“O empresário Nelson Füchter Filho nasceu no meio de veículos. O avô, Pedro Füchter, abriu uma das primeiras concessionárias da Volkswagen na região de Criciúma, no sul de Santa Catarina. O pai, Nelson Füchter, também lançou uma outra distribuidora de carros conhecida no sul do país, a Le Monde, que, depois, foi controlada pelo próprio Nelson Filho. “Ao longo de 62 anos, a minha família atuou no mercado de distribuição de veículos na região sul do país, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, diz.

Em 2019, Füchter Filho decidiu sair do negócio de concessionárias. Vendeu as nove lojas que tinha e tirou um sabático. À época, entendeu que o setor passava por uma reformulação, com as próprias montadoras, segundo ele, “repensando seus modelos de negócios”. Mas a paixão pelo setor automobilístico seguiu. Em 2021, se conectou com um antigo amigo da época em que eram jovens participantes da Associação Empresarial de Tubarão e começou a discutir uma nova oportunidade de negócio, olhando para veículos elétricos, especialmente para empresas de logística fazerem a última milha da entrega do produto.

Foi o início da conversa que resultaria, no ano seguinte, na criação da Fever, uma montadora e distribuidora de veículos elétricos que está fazendo agora o lançamento dos primeiros produtos ao mercado. Funcionando em um estilo semelhante à parceria entre a CAOA e a Cherry, a Fever importa de montadoras da China e Itália os veículos, que são montados a partir da inteligência e do projeto enviado pela empresa de Santa Catarina.

“Nós desenvolvemos os fornecedores lá fora para trazer com exclusividade no Brasil, já atendendo as homologações e a legislação brasileira”, diz Füchter Filho. “Somos uma montadora e distribuidora, porque iremos, a partir de Santa Catarina, distribuir nossos veículos para uma rede de concessionárias”.

Para o início, são quatro modelos comercializados, sendo um caminhão e três tipos de triciclos, entre eles um para refrigerados. “É um produto que consideramos inovador, maior que uma moto, menor que um carro”, afirma. “Como nossa ideia é vender para logística, tem a vantagem competitiva de um triciclo conseguir movimentar a carga em lugares de mais difícil acesso, por ser menor. Também consegue estacionar com mais facilidade em mais lugares. E em todos os veículos, colocamos um software de logística que faz conectividade e telemetria”.

Até dezembro, a ideia da Fever é estar com uma rede de concessionária em 15 cidades do Brasil. Para 2024, querem abrir outras 21 operações. Ao todo, pretendem vender 2.400 veículos no ano que vem. Nos próximos quatro anos, o objetivo é chegar a 18.500 unidades vendidas, o que levará a superar os 2 bilhões de reais em faturamento.

Qual o foco da Fever

A ideia da Fever é vender os veículos para outros negócios, do microempresário a uma grande empresa. Como os produtos são pensados para carregar estoques dentro das cidades, na última milha, eles andam em baixas velocidades, não passando de 45 quilômetros por hora. Isso, de acordo com Füchter Filho, ajuda a deixar o equipamento elétrico mais durável. É possível fazer turnos de mais de oito horas sem recarregar o veículo.

No caso do triciclo com caixa refrigerada, o executivo cita duas indústrias como potenciais clientes: primeiro a de alimentos e bebidas, e depois, do setor de saúde. “Para movimentar materiais orgânicos, vacinas, sangue, amostras de laboratório”, diz. “Geralmente usam isopores com gelo, mas podem usar o triciclo da Fever”.

Triciclo com refrigerador da Fever: produto já está à venda

Os veículos já estão à venda. Até o final do ano, haverá revendedoras e concessionárias em:

  • São Paulo
  • Campinas
  • São José do Rio Preto
  • Piracicaba
  • Santos
  • Maceió
  • Recife
  • Belém
  • Porto Alegre
  • Curitiba
  • Londrina
  • Rio de Janeiro
  • Fortaleza
  • Vitória
  • Belo Horizonte
  • Balneário Camboriú
  • Florianópolis

Como os veículos são produzidos

Há duas opções de aquisição dos veículos. A primeira é comprar à pronta-entrega, como o veículo foi desenhado pela Fever com suas parceiras da China e da Itália. Nesse caso, o tempo para ter o produto é a distância entre Santa Catarina (de onde o veículo sai) e a cidade em que a pessoa comprou. Mas há uma outra opção, que é construir o caminho conforme a necessidade. “São mais de 100 soluções, podemos fazer de um coletor até um veículo de estação de manutenção com 13,5 metros de altura”, diz o executivo.

Com as demandas, os produtos são produzidos no exterior e entram no Brasil via Santa Catarina, predominantemente pelo porto de Navegantes.

Quanto investiram para abrir o negócio

Foram 18 meses de estudos sobre a mobilidade urbana e sustentável ao redor do mundo. Mais de 5 milhões de reais foram aportados em pesquisa, desenvolvimento, homologação e documentações.

Responsável pelos triciclos, da China, vem a RAPsev, situada na Zona de Desenvolvimento Tecnológico e Econômico Nacional de Changxing, na cidade de Huzhou, província de Zhejinag. Desde a fundação, já fez 15.000 unidades. De Pádua, na Itália, vem a Alkè, dos caminhões compactos. Com 25 anos de experiência, já tem unidades vendidas em 40 países.

“Foram meses de muito aprofundamento e conhecimento do setor”, diz Jacinto Silveira, sócio do negócio. “Viagens internacionais em busca do que há de melhor em termos de tecnologia na mobilidade elétrica, busca pela viabilização econômica desses produtos, estudos de mercado e estruturação de uma rede de parceiros que caminhassem conosco nesse projeto “.

Jacinto Silveira, da Fever: “Viagens internacionais em busca do que há de melhor em termos de tecnologia na mobilidade elétrica”

foto>Fever, divulgação

A perspectiva até o final do ano é que 250 veículos já estejam operando em empresas, condomínios residenciais, corporações, locadoras e concessionárias.”

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