Além da repercussão interna nas hostes do PMDB, a declaração de Eduardo Moreira, de que “será o principal cabo eleitoral” de Mauro Mariani no ano que vem, repercutiu em outras legendas importantes em Santa Catarina.
Em um único movimento, o vice-governador excluiu duas candidaturas: a de Udo Döhler, que não tem articulação política e dependia exclusivamente de Moreira neste aspecto. O prefeito de Joinville também é cristão novo no PMDB, o que sempre gera uma certa desconfiança nas bases; e a do senador Dário Berger, também novato nas fileiras do Manda Brasa e sem o respaldo da militância peemedebista.
Como Eduardo Moreira deve assumir o governo em 2018 e os outros dois nomes foram escanteados numa tacada, Mauro Mariani tem tudo para ser o cabeça de chapa pelo PMDB em 2018.
Significa unidade, algo que estava em falta no partido desde a morte de Luiz Henrique da Silveira. Eis o bônus do movimento do vice-governador. Mas há, também, o ônus. No contexto atual, ao optar pela unidade interna, o PMDB pode estar consolidando o auto isolamento em relação aos outros grandes partidos.
Fila
No PSDB, por exemplo, a unidade peemedebista praticamente sepulta as chances de os dois partidos estarem juntos em 2018. Assim como a turma do Manda Brasa catarinense, a galera do ninho também quer a cabeça de chapa no ano que vem. Em 2014, Paulo Bauer fez quase 30% dos votos e por muito pouco não provocou o segundo turno contra Raimundo Colombo. É um recall eleitoral que não pode ser desprezado.
Longa espera
Nunca é demais lembrar que desde 2002, quando LHS como azarão surpreendeu Esperidião Amin e inviabilizou a reeleição dele, o PSDB praticamente tem sido um coadjuvante de luxo. Nestes 16 anos, os tucanos só assumiram, de fato, o governo nos poucos mais de nove meses do mandato-tampão de Leonel Pavan.
Revezamento
O PMDB elegeu LHS duas vezes. Eduardo Moreira também fez um mandato-tampão. Já o PSD elegeu Raimundo Colombo duas vezes e se encaminha para sete anos no poder central. Os tucanos só experimentaram o gostinho mesmo lá em 2010, quando LHS renunciou em favor de Pavan. Não por acaso que tucanos de plumagem espessa entendem que chegou sua hora.
Pulverização
Como o PP deve estar com o PSD e o PSB no pleito majoritário, se o PMDB e o PSDB procurarem seus caminhos individualmente, poderemos ter pelo menos quatro candidaturas consistentes no ano que vem, considerando-se o grupo de esquerda que está sendo articulado pelo deputado Décio Lima.
Histórico
Desde 1982, quando se restabeleceram as eleições diretas para governador, o PMDB de Santa Catarina só não apresentou candidatos na cabeça de chapa justamente nas vitórias de Raimundo Colombo, que chegou lá apoiado pelo Manda Brasa.
Contraponto
A assessoria de Dário Berger repassou a visão dele sobre o quadro atual no PMDB. Para o senador, foi o vice-governador que voltou atrás, decidindo apoiar o candidato que já contava com o seu respaldo, ou seja, Mauro Mariani. Dário garante nunca ter se colocado como pré-candidato a governador. Segundo ele, agora Mariani é o candidato do PMDB em Santa Catarina, “com o apoio de todas as bases”. Segundo o que foi repassado ao colunista, esta seria a vontade do senador desde o começo do processo interno no Manda Brasa.