Banca de advocacia que defende Michel Temer no âmbito das denúncias de Rodrigo Janot contra o presidente divulgou, durante o fim de semana, nota contundente e que merece análise e reflexão sobre os vazamentos criminosos de trechos da delação premiada do doleiro Lúcio Funaro (foto). Bandido da pior espécie, o ex-operador do PMDB soltou a língua. Se está dizendo a verdade, deverá comprovar com documentos. Se o fizer, o país segue avançando na direção certa, de punir os criminosos do colarinho branco. Michel Temer, como se registrou aqui em diversas ocasiões, não é flor que se cheire. Jamais serviu para santo. Mas daí a se permitir vazamentos seletivos – às vésperas da data em que os deputados mais uma vez serão chamados a se posicionar sobre o futuro do presidente – de uma denúncia cujos vídeos foram gravados há dois meses e com trâmites inconclusos, existe um abismo. A prática só se enquadra na categoria de crime. De abuso de autoridade. O intuito, evidentemente, é tumultuar ainda mais o julgamento da segunda denúncia de Janot contra Temer, dificultando a vida presidencial na Câmara. Pura politicagem, protegida pelos títulos e escudos legais em que muitas vezes se escondem procuradores e juízes. Quem vazou (que só quer mesmo ver o circo pegar fogo), e o próprio Janot, podem esta em maus-lençóis. O ex-PGR, aliás, escancarou uma atuação direcionada, politizada e criminosa. Tem tudo para se encrencar bonito. Mais um episódio que evidencia, sim, a necessidade de se instituir legislação que puna o abuso de autoridade neste país. Registre-se, também, que foi primeiro vazamento desta natureza nas costas da nova procuradora-geral, Raquel Dodge, que já sinalizou que os atos de Janot e cia em delações como a da JBS devem ser investigados. Confira a nota subscrita pelo advogado Eduardo Pizarro Carnelós:
“NOTA DE ESCLARECIMENTO
O vazamento de vídeos com depoimento prestado há quase dois meses pelo delator Lúcio Funaro constitui mais um abjeto golpe ao Estado Democrático de Direito. Tem o claro propósito de causar estardalhaço com a divulgação pela mídia como forma de constranger parlamentares que, na CCJC da Câmara dos Deputados, votarão no dia 18 o muito bem fundamentado parecer do relator, deputado Bonifácio de Andrada, cuja conclusão é pela rejeição ao pedido de autorização para dar sequência à denúncia apresentada contra o Presidente Michel Temer pelo ex-Procurador-Geral da República.
É evidente que o criminoso vazamento foi produzido por quem pretende insistir na criação de grave crise política no País, por meio da instauração de ação penal para a qual não há justa causa. Só isso explica essa divulgação, ao final de uma semana em que a denúncia formulada pelo ex-Chefe do MPF foi reduzida a pó pelo parecer do deputado Bonifácio de Andrada.
Autoridades que têm o dever de respeitar o ordenamento jurídico não deveriam permitir ou promover o vazamento de material protegido por sigilo. É igualmente inaceitável que a imprensa dê publicidade espetaculosa à palavra de notório criminoso, que venceu a indecente licitação realizada pelo ex-PGR para ser delator, apenas pela manifesta disposição de atacar o Presidente da República.
As afirmações do desqualificado delator não passam de acusações vazias, sem fundamento em nenhum elemento de prova ou indiciário, e baseadas no que ele diz ter ouvido do ex-deputado Eduardo Cunha, que já o desmentiu e o fez de forma inequívoca, assegurando nunca ter feito tais afirmações. Assim como o fizeram todos os demais mencionados pelo delator em sua mentirosa história, que lhe serviu para a obtenção de prêmio.”