Surgindo através de uma parceria firmada entre a Câmara Municipal de Florianópolis e a Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMIs), a Cartilha que promove o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes foi lançada nesta terça-feira, 24, na Câmara Municipal.
A ideia nasceu através de um evento realizado no bairro Carianos no dia das mães, onde por meio de um diálogo com a equipe da Delegacia sobre a necessidade do desenvolvimento de uma campanha de conscientização nas escolas da Capital, uma forma de se ter mais uma ferramenta contra a prática de violência sexual.
Segundo a vereadora Pri Fernandes, idealizadora do projeto, o assunto não pode ser ignorado pela sociedade, para que haja cada vez uma representação significativa da sociedade, trazendo cuidado, atenção e prevenção.
“Nós temos um índice de 500 denúncias feitas ao mês de adolescentes e crianças que sofrem esse tipo de abuso, só que esse é um número muito ínfimo, porque se formos ver pelas pesquisas do Ministério Público, 90% das crianças que sofrem esse tipo de violação não denunciam. Isso precisa ser visto. São nossas crianças, nossos adolescentes, e é o nosso futuro. É mais do que justo que protejamos eles, é nossa obrigação por direito, indiferente de estarmos no Legislativo, no Executivo, enquanto sociedade civil, nós temos que cumprir nossa parte de protegê-los”, destaca ela.
A cartilha traz questões informativas das práticas, como evitar e quando procurar ajuda, já que nem sempre esse crime acontece com ameaças ou agressões. A pessoa que comete esse tipo de abuso costuma confundir a criança ou o adolescente, através de palavras carinhosas, distraindo a vítima com atenção e até mesmo com presentes. Neste sentido Anna Silvia Tosin Raccioppi, psicóloga 6ª Delegacia de Polícia da Capital, autora do conteúdo destaca que a construção foi através de dados estatísticos e específicos do município.
“Todas as investigações que envolvem crianças e adolescentes vitimas de violência sexual que são atendidas de alguma maneira pela nossa delegacia e pelo setor de psicologia foi baseado na nossa realidade que chegam através de boletins de ocorrências e até denúncias anônimas. Esse conteúdo foi pensado nas dúvidas que as famílias que estão passando por essa situação trouxeram nesses atendimentos as questões que as próprias crianças vítimas de violência falaram nos atendimentos. São informações voltadas para a realidade mesmo, para orientar e auxiliar as famílias, os professores e toda a sociedade para reconhecerem, orientarem e a pensarem sobre o assunto”, enfatiza.
A Diretora de Polícia da Grande Florianópolis, Michele Alves Corrêa Rebelo, afirma que as crianças são o futuro da sociedade, e precisam ser instruídas através de técnicas lúdicas e bem pensadas, para que saibam o que estejam mais conscientes da defesa. “Firmando essas parcerias, certamente apresentaremos bons resultados. É importante salientar que esse conhecimento e essa atuação da Polícia Civil nessas investigações fazem com que nós consigamos apresentar algumas formas diferentes de prevenção, auxiliando toda essa rede. A escola é o principal meio em que os professores, educadores e psicólogos podem auxiliar nesse processo”.
Na solenidade, estiveram presentes o vereador João Cobalchini, presidente da Câmara, vereador Jeferson Backer, a vereadora Tânia Ramos e vereadora Cintia Mendonça da Mandata Bem Viver, além da presença do Presidente da Comissão de Defesa do Direito da Criança e Adolescente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Para ele, a OAB contém um papel fundamental nas discussões sobre a proteção da criança e do adolescente, seja ela em qualquer tipo de direito violado. “Esse papel, especificamente voltado na parceria com a Câmara e a Polícia Civil, vai no sentido também de promover espaços de debate com o sistema de garantia de direitos, para unirmos esforços, num grande diálogo de proteção”.
Créditos da foto: Édio Hélio Ramos / CMF