Debruçado sobre os números da eleição municipal em todo o Brasil e em Santa Catarina, o secretário nacional e também estadual do PP, Aldo Rosa, faz uma leitura deveras interessante sobre o cenário que saiu das urnas neste histórico 2020.
Depois da avassaladora onda Bolsonaro de 2018, embalada pelos protestos do eleitorado após 16 anos de desmandos, irresponsabilidade e corrupção da era PT/MDB, neste ano uma antiga tradição política, que remonta no mínimo a 1964 se ficarmos no formato atual, pode ter sido restabelecida.
A tradicionalíssima rivalidade/guerra entre Arena (PP atualmente) x MDB. Lembrando que a Arena posteriormente se desdobrou em duas frentes: PP e PSD atualmente (os partidos já tiveram outros nomes).
Aldo Rosa pondera que ao perceber claramente que sua forma de protestar, votando em ilustres desconhecidos, não surtiu os efeitos desejados para a solução dos problemas crônicos do Brasil e de Santa Catarina, o eleitorado brasileiro e catarinense, tradicionalmente de Centro-Direita, optou pelo caminho conhecido e quem tem ficha de serviços prestados.
No campo estadual, Rosa classifica o que aconteceu nestes quase dois anos de uma “verdadeira loucura”. E tem razão.
Dados oficiais
Rosa se apega nos números para fazer suas afirmações. O PP cresceu em número de prefeitos em Santa Catarina e no Brasil. O Manda Brasa segue na liderança, mas com viés de queda, ao contrário dos antigos rivais.
Sobe e desce
Em números absolutos, o PP saltou de 495 para 682 prefeitos no país considerando-se os números de 2016 e de 2020. Já o MDB caiu de 1044 para 773.
Realidade local
No estado, se analisarmos os três últimos pleitos municipais: 2012, 2016 e 2020, também há indicações nessa direção. Há oito anos, o MDB conquistou 106 prefeituras. O PP ficou com 46. Os pepistas repetiram o número em 2016 ao passo que a turma do Manda Brasa baixou para 100 prefeitos. Agora, a distância ficou ainda menor. O MDB vai governar 96 municípios e o PP, 53 cidades catarinenses. Lembrando que o PP está na oposição há 20 anos. Portanto, longe das estruturas de poder, que ensejam máquina e cargos.
Puro sangue
Há quem possa ponderar, com alguma razão, que na eleição de prefeito há a “contaminação” eleitoral das coligações. Argumento que não vale para a definição dos novos vereadores após o fim das coligações proporcionais.
O PP elegeu 487 parlamentares municipais. Número muito próximo das duas eleições anteriores: 492 em 2012 e 496 em 2016.
Pra baixo
Aqui também o MDB vem em queda. Há oito anos, o partido elegeu 871 vereadores. Em 2020, são 770 os eleitos. São 101 cadeiras a menos nas Câmaras municipais de todo o estado, o que não é pouca coisa.
Animação pepista
Por fim, no cenário nacional, um quadro que dá ânimo e fôlego para o velho PP de guerra.
O partido deu um salto de mais de 1,5 mil vereadores eleitos em 2020. O partido tem filiados em 4.742 cadeiras em legislativos municipais Brasil afora. A partir de 2021, os pepistas estarão controlando 6.311 cadeiras no país.
No retrovisor
Nacionalmente, o PP nunca esteve tão perto do MDB nos últimos tempos em relação ao número de vereadores eleitos. E também neste quesito, o Manda Brasa encolheu cerca de 700 vagas nas Câmaras. Passará dos atuais 7.962 vereadores para 7.269 parlamentares municipais no Brasil.
Voo de galinha
Diante de tudo isso e do fato de a nova política ter morrido logo depois de seu nascimento, os indicativos são fortes no sentido de termos essas duas forças no centro do jogo nacional e estadual novamente em 2022.